SAÚDE – Rotatividade de Médicos na Atenção Primária à Saúde Atinge 33,9%, Revela Estudo que Aponta Desigualdades Entre Regiões do Brasil



Nos últimos dois anos, a rotatividade de médicos na Atenção Primária à Saúde (APS) no Brasil alcançou um preocupante percentual médio de 33,9%. Essa saída desmedida de profissionais é particularmente acentuada em estados com Produto Interno Bruto (PIB) menor, o que levanta sérias questões sobre a capacidade de retenção de mão de obra qualificada, especialmente em regiões que mais necessitam de cuidados médicos.

Analisando os dados, estados como Rio de Janeiro, São Paulo e o Distrito Federal se destacam não apenas pelo PIB per capita mais elevado, mas também por apresentarem as menores taxas de desvio de profissionais de saúde. Em contrapartida, o Maranhão e a Paraíba, com seus PIBs per capita significativamente mais baixos, registram as maiores taxas de saída de médicos. Essa disparidade revela uma correlação clara entre fatores econômicos e a estabilidade na força de trabalho na saúde pública.

A pesquisa, realizada pela Umane em colaboração com o Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV), recorreu a dados oficiais de várias fontes, como Datasus e Vigitel, para construir uma análise abrangente da situação da APS no Brasil. Segundo a médica de família e comunidade, Marcella Abunahman, uma das autoras do estudo, é imperativo aprofundar as investigações sobre a rotatividade dos profissionais de saúde. Ela enfatiza a necessidade de investimento em áreas com infraestrutura reduzida para não apenas atrair, mas também reter médicos, uma vez que a alta rotatividade pode prejudicar substancialmente a continuidade de cuidados que os patients precisam.

A APS desempenha um papel fundamental na saúde pública, servindo como a primeira linha de atendimento que organiza o fluxo dos serviços de saúde, desde os mais simples até os mais complexos. Marcella ressalta que a construção de laços entre médicos e pacientes é crucial, pois a falta de continuidade no atendimento pode comprometer a eficácia dos cuidados.

Além disso, o levantamento revela melhorias na cobertura dos serviços essenciais, evidenciando que as regiões Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul estão cumprindo as metas de atendimento a gestantes e rastreio de doenças, enquanto o Norte continua sendo uma exceção a essa tendência positiva. Contudo, a cobertura vacinal entre crianças menores de um ano ainda está aquém do padrão recomendado pelo Ministério da Saúde, reforçando a necessidade de estratégias mais eficazes para melhorar os índices de saúde.

Os dados obtidos neste estudo oferecem um diagnóstico valioso e preliminar, permitindo que gestores e formuladores de políticas públicas identifiquem áreas de melhoria e desenvolvam estratégias que fortaleçam a APS em todo o país. A situação da APS se revela, portanto, um tema crucial para debates sobre saúde pública, especialmente considerando a importância de garantir um atendimento de qualidade e contínuo à população brasileira.

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