A Queima de Fogos e Seus Efeitos Negativos na Sociedade
A tradição de celebrar a virada do ano com a queima de fogos de artifício atrai milhares de pessoas às ruas, mas, ao mesmo tempo, gera sérios impactos em diversos segmentos da população. Aqueles que mais sofrem com os estrondos são os grupos mais vulneráveis, como idosos, crianças e pessoas diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Alguns especialistas, como neuropediatras e neurologistas, alertam para os efeitos adversos que os fogos podem provocar. Pessoas com TEA, por exemplo, apresentam uma sensibilidade auditiva acentuada. O professor Anderson Nitsche, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, destaca que não é raro que esses indivíduos experimentem crises sensoriais, que podem levar a reações comportamentais intensas, como ansiedade e, em alguns casos, agressividade. Eles têm dificuldade em compreender que os barulhos tumultuados de fogos representam celebração, sendo para eles uma fonte de desconforto constante.
Outro aspecto a ser considerado é o impacto gerado em idosos, especialmente aqueles que sofrem de demência. Para eles, os fogos podem representar um estressor significativo, exacerbando sintomas como delírios e alucinações, além de prejudicar a qualidade do sono e a saúde mental.
Alternativas à queima de fogos já estão sendo discutidas em algumas cidades brasileiras, que começaram a proibir os fogos barulhentos em eventos públicos. Espetáculos com luzes e shows utilizando drones se apresentam como alternativas viáveis que preservam o espírito festivo sem causar incômodo a quem já luta contra esses desafios. Autores como Ana Maria Nascimento, especialista em psicologia, argumentam que a continuidade da queima de fogos, em um cenário onde já existem alternativas, se assemelha a um ato de indiferença.
Além disso, muitos defendem que o uso de fogos que não produzem ruído pode minimizar o impacto emocional em pessoas com TEA. A especialista Solange Vianna Dultra enfatiza que, ao utilizar esses fogos silenciosos, as famílias podem garantir um ambiente mais tranquilo, sempre que decidirem afastar as crianças sensíveis das janelas.
A crescente conscientização sobre esses assuntos sugere que uma mudança de paradigma é não apenas desejável, mas necessária. O desafio não é apenas celebrar, mas fazer isso respeitando a diversidade. Com cerca de 3% da população mundial diagnosticada com TEA, a reflexão sobre como tradições podem ser adaptadas se faz cada vez mais relevante.
Finalmente, a crítica à falta de fiscalização sobre as leis que já proíbem fogos barulhentos brilha em exposições sobre o tema. Os especialistas clamam por um mais rigoroso cumprimento das normas para que a harmonia social seja preservada, especialmente em momentos que deveriam ser de celebração coletiva.







