Segundo denúncias do movimento Craco Resiste, as operações realizadas pela Guarda Civil Metropolitana e pela Polícia Civil nesse espaço têm sido caracterizadas como verdadeiras ações de tortura. As pessoas que circulam pela região são obrigadas a permanecer sentadas por horas no chão, expostas ao sol e à chuva, sem nenhum tipo de abrigo. Além disso, relatos apontam o uso indiscriminado de spray de pimenta pelos agentes de segurança para coagir e reprimir aqueles que desobedecem as regras impostas.
A advogada Lydia Gama, da organização Teto, Trampo e Tratamento (TTT), ressaltou a preocupação com a violação de direitos básicos nesse contexto. Ela destacou que o muro, com seus 2,5 metros de altura, dificulta a defesa e a proteção das pessoas ali presentes em casos de abusos por parte das autoridades. Além disso, a falta de transparência e acesso da sociedade civil à região cercada têm levantado questionamentos sobre a legitimidade e a finalidade dessa estrutura.
O movimento Craco Resiste reforça a importância de buscar soluções mais humanitárias para a questão da Cracolândia, como garantir acesso à moradia e saúde para todos os cidadãos. Ações de policiamento e vigilância não podem substituir os direitos essenciais da população, destacando a necessidade de políticas públicas mais efetivas e inclusivas. A prefeitura, por sua vez, defende a instalação do muro como uma medida de proteção e assistência às pessoas em situação de vulnerabilidade na região, rechaçando as acusações de confinamento e interesses escusos.
Diante desse cenário de tensão e descontentamento, as divergências de opinião e a falta de diálogo entre as partes envolvidas podem dificultar a busca por soluções mais justas e humanitárias para a situação da Cracolândia. O debate sobre a eficácia e legalidade dessa estrutura permanece em aberto, enquanto a população em situação de vulnerabilidade segue enfrentando desafios e violações de direitos no cotidiano daquela região sensível.