SAÚDE –

Perdas com Apostas Online no Brasil Chegam a R$ 38,8 Bilhões Anuais, Revela Estudo Inédito

As apostas online, conhecidas popularmente como “bets”, têm gerado impactos significativos na economia e na sociedade brasileira, com prejuízos anuais estimados em R$ 38,8 bilhões. Esse número resulta de uma análise abrangente que considera não apenas perdas financeiras, mas também aspectos sociais como suicídios, desemprego e custos com saúde. O Brasil apresenta um aumento alarmante no número de apostadores, com cerca de 17,7 milhões de brasileiros envolvidos em jogos de azar em um intervalo de apenas seis meses, indicando um crescimento inquietante nessa prática.

Um estudo recente, realizado por organizações voltadas à saúde pública, revelaram que cerca de 12,8 milhões de pessoas estão em situação de risco devido ao envolvimento com apostas. Os autores utilizam dados comparativos de estudos internacionais para avaliar as perdas, que são divididas em categorias: desde suicídios, cuja estimativa de impacto é de R$ 17 bilhões, até R$ 1,3 bilhão relativo à perda de moradia. É significativo notar que 78,8% desse montante está relacionado a gastos com saúde, refletindo um sério problema no que diz respeito ao bem-estar psicológico da população.

O crescimento desse setor, impulsionado pela falta de regulamentação e pela exposição midiática, leva a um preocupante aumento do endividamento familiar e ao surgimento de transtornos relacionados ao jogo. Enquanto isso, em termos de arrecadação, a operação das bets no Brasil ainda é considerada insatisfatória. A legislação que regula as apostas foi aprovada em 2018, mas somente em 2023 foram estabelecidas condições mais rígidas, resultando em arrecadações que não chegam nem perto dos custos sociais gerados. O país arrecadou cerca de R$ 6,8 bilhões até o final de setembro, um valor aquém do necessário para compensar os prejuízos.

Além disso, a falta de destinação específica do montante arrecadado, que representa apenas 1% para o Ministério da Saúde, levanta questões sobre a responsabilidade das operadoras em contribuir para a saúde mental da população afetada. A diretora de Relações Institucionais do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (Ieps) destaca que as apostas se tornaram parte da vida de milhões, e que é crucial implementar políticas públicas adequadas para proteger a população, principalmente os grupos mais vulneráveis.

As sugestões para mitigar os danos incluem aumentar a tributação destinada à saúde, capacitar profissionais para atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS) e restringir o acesso às apostas para perfis de risco. Isso coincide com um movimento crescente pela regulamentação mais rígida e por uma conscientização maior acerca das consequências associadas às apostas. Em um cenário em que as apostas online se tornam cada vez mais comuns, a busca por um equilíbrio entre a regulação da atividade e a proteção da saúde da população é urgente e necessária.

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