SAÚDE – OMS pode convocar Comitê de Emergência para avaliar variante letal de mpox na África

Neste domingo, 4 de junho, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, revelou que está considerando convocar o Comitê de Emergência da entidade para avaliar a situação crítica do surto de mpox na África. Ghebreyesus utilizou seu perfil na rede social X para comunicar sua preocupação sobre a disseminação de uma variante mais letal da mpox em diversos países africanos e destacou os esforços intensificados da OMS, do Centro de Controle e Prevenção de Doenças da África, dos governos locais e de parceiros para interromper a transmissão da doença.

Tedros deixou claro que está avaliando a possibilidade de declarar o surto de mpox uma emergência em saúde pública de interesse internacional. Esta decisão baseia-se em recomendações do Comitê de Emergência de Regulamentos Sanitários.

Em um retrospecto recente, no final de junho, a OMS emitiu um alerta sobre uma variante mais perigosa da mpox, anteriormente conhecida como varíola dos macacos. A República Democrática do Congo tem enfrentado um surto desta doença desde 2022, e a intensa transmissão do vírus entre humanos resultou em uma mutação até então desconhecida.

Dados da OMS indicam que a nova variante 1b da mpox apresenta uma taxa de letalidade superior a 10% entre crianças pequenas na África Central, em contraste com a variante 2b que causou uma epidemia global de mpox em 2022 e registrou uma taxa de letalidade inferior a 1%. Até junho deste ano, mais de 95 mil casos confirmados da doença foram contabilizados em 117 países, além de mais de 200 mortes.

Rosamund Lewis, líder técnica sobre varíola dos macacos do Programa de Emergências Globais da OMS, destacou o número impressionante de casos em comparação com os poucos milhares relatados globalmente anteriormente. Segundo ela, um surto específico registrado desde setembro de 2023 no leste da República Democrática do Congo, na província de Kivu do Sul, é causado por uma cepa de mpox com mutações inéditas, sugerindo transmissão contínua de humano para humano.

A mpox é uma doença zoonótica viral, com transmissão para humanos ocorrendo por meio do contato com animais silvestres infectados, pessoas infectadas e materiais contaminados. Seus sintomas incluem erupções cutâneas, linfonodos inchados, febre, dores no corpo, dor de cabeça, calafrios e fraqueza. O Ministério da Saúde do Brasil informa que o período de incubação varia de 3 a 16 dias, podendo chegar a 21 dias, com a transmissão cessando após o desaparecimento das crostas na pele. As erupções cutâneas podem se concentrar no rosto, nas palmas das mãos, nas plantas dos pés e em outras partes do corpo, incluindo boca, olhos, órgãos genitais e ânus.

Em maio de 2023, quase uma semana após alterar o status da covid-19, a OMS declarou que a mpox deixou de ser uma emergência em saúde pública de importância internacional. No entanto, Tedros Adhanom enfatizou que o fim da emergência não significava o fim do trabalho, ressaltando os desafios contínuos que a mpox representa e a importância de uma resposta robusta, proativa e sustentável. Ele também destacou o risco contínuo para pessoas que vivem com infecção por HIV não tratada e a necessidade de países manterem suas capacidades de teste e respostas adequadas.

A nova ameaça representada pela variante letal de mpox na África coloca mais uma vez a comunidade internacional em alerta e reforça a necessidade de vigilância e ação coordenada para enfrentar a doença.

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