Apostas Eletrônicas e seus Efeitos na Saúde Pública
Nos últimos anos, o fenômeno das apostas eletrônicas, impulsionado pelas chamadas “bets”, tem gerado preocupações significativas no Brasil. O aumento do número de pessoas envolvidas neste tipo de atividade tem resultado em impactos negativos tanto nas finanças pessoais quanto na saúde mental e física da população. Reconhecendo essa realidade alarmante, os ministérios da Saúde e da Fazenda têm se mobilizado para implementar medidas que visam prevenir a compulsão por jogos.
Recentemente, um acordo de cooperação foi assinado pelos ministros Alexandre Padilha e Fernando Haddad, onde diversas iniciativas foram delineadas para mitigar os efeitos nocivos das apostas. Entre as principais medidas, destaca-se a criação de uma plataforma de autoexclusão. A partir de 10 de dezembro, os apostadores poderão solicitar seu bloqueio em sites de apostas e restringir seu CPF de novos cadastros e ofertas de marketing.
Estudos apontam que as apostas, tanto online quanto presenciais, causam prejuízos econômicos ao Brasil que podem chegar a R$ 38,8 bilhões por ano, afetando não apenas a economia, mas também a saúde social da população. O novo acordo prevê a criação do Observatório Brasil Saúde e Apostas Eletrônicas, que funcionará como um canal contínuo de intercâmbio de dados. Esta medida visa integrar esforços dos diversos setores de saúde para oferecer suporte a aqueles que enfrentam problemas relacionados ao jogo.
A iniciativa se alinha a um novo foco em saúde mental. O Ministério da Saúde lançou uma Linha de Cuidado, que oferece orientações sobre como buscar assistência, incluindo atendimentos presenciais e online. A partir de fevereiro de 2026, 450 teleatendimentos mensais serão disponibilizados para pessoas com problemas de jogo, em parceria com o Hospital Sírio-Libanês, podendo ser ampliados conforme a demanda.
Em um contexto de regulamentação mais robusta, o ministro Fernando Haddad enfatizou que a autorização das apostas eletrônicas em 2018 não foi acompanhada de medidas adequadas para sua supervisão e controle, especialmente no que diz respeito à tributação e à proteção de grupos vulneráveis, como crianças e beneficiários de programas sociais.
O aumento dos atendimentos a pessoas com transtornos associados ao jogo é evidente. Em 2023, o Sistema Único de Saúde (SUS) registrou um total de 2.262 atendimentos, aumentando para 3.490 no ano seguinte. Os dados indicam que a maioria dessas pessoas é homens, entre 18 e 35 anos, frequentemente situados em contextos de vulnerabilidade social.
As novas iniciativas são um passo importante na busca por um sistema de saúde mais integrado e eficaz, que atenda a esta crescente problemática e ofereça suporte adequado a um público que, muitas vezes, enfrenta problemas complexos ligados ao vício em jogos.
