Após o parecer favorável da Conitec, o ministério esclareceu que a vacina não seria utilizada em larga escala em um primeiro momento, devido à capacidade restrita de fornecimento de doses por parte do laboratório. A vacinação contra a dengue na rede pública, portanto, será focada em públicos específicos e em regiões consideradas prioritárias. A ministra Nísia Trindade afirmou que até o início do ano a definição dos públicos-alvo será realizada, levando em consideração a limitação do número de vacinas disponíveis.
O próximo passo será um trabalho conjunto entre o Programa Nacional de Imunizações (PNI) e a Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI), que está programado para as primeiras semanas de janeiro. Esse trabalho visa definir a melhor estratégia de utilização do quantitativo disponível da vacina. A previsão é que sejam entregues 5.082 milhões de doses entre fevereiro e novembro de 2024, e o esquema vacinal da Qdenga é composto por duas doses, com intervalo de 90 dias entre elas.
A vacina é tetravalente, protegendo contra os quatro sorotipos do vírus da dengue (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4), e deve ser administrada em duas doses, com intervalo de três meses entre elas. A recomendação é que mesmo quem já teve dengue tome a dose, pois é especialmente indicada por conta da melhor resposta imune à vacina.
No entanto, a vacina é contraindicada para gestantes, mulheres que estão amamentando, pessoas com imunodeficiências primárias ou adquiridas, e para indivíduos que tiveram reação de hipersensibilidade à dose anterior. Além disso, a vacina não protege contra outras arboviroses, como zika, chikungunya e febre amarela.
É importante ressaltar que a Qdenga é a primeira vacina contra a dengue aprovada no Brasil para um público mais amplo, já que o imunizante aprovado anteriormente, Dengvaxia, do laboratório francês Sanofi-Pasteur, só pode ser utilizado por quem já teve dengue.
A aprovação da vacina contra a dengue para uso no SUS representa um avanço significativo na prevenção e controle dessa doença, possibilitando a imunização de grupos de maior risco em regiões prioritárias, contribuindo para a redução da incidência e agravamento da dengue no Brasil. Com a implementação de estratégias eficazes, como a vacinação em locais de maior transmissão e em grupos de maior vulnerabilidade, espera-se uma redução significativa nos casos de dengue no país.