De acordo com especialistas, é natural que o desempenho cognitivo sofra alterações com o envelhecimento, mas isso nem sempre indica a presença de uma demência. O médico André Felício, coordenador da pós-graduação em Neurologia, ressalta que a preocupação surge quando problemas, como a perda de memória recente ou dificuldades em compreender o que está sendo lido, começam a interferir nas atividades diárias, exigindo supervisão de familiares. A principal diferença entre pessoas que apresentam demência e aquelas que não apresentam é a capacidade de manter a independência.
Entretanto, diversas condições podem afetar o desempenho neurológico entre os idosos, tornando fundamental a avaliação por um especialista. Isso envolve a observação de sintomas e a realização de testes neuropsicológicos e exames de imagem. Tais testes focam em áreas cognitivas como memória, linguagem e atenção. Exames de imagem ajudam a confirmar a existência de demência e a identificar seu tipo.
Por exemplo, uma ressonância magnética do crânio pode mostrar atrofia cerebral característica da doença de Alzheimer, enquanto não apresenta tais sinais na demência por corpos de Lewy. Alterações nos níveis de dopamina no cérebro também são relevantes, pois são indicativas dessa forma de demência, que pode incluir sintomas semelhantes aos da doença de Parkinson.
Milton Nascimento, que foi diagnosticado com Parkinson há cerca de dois anos, exemplifica esse padrão, uma vez que muitos pacientes diagnosticados com Parkinson acabam apresentando, posteriormente, a demência por corpos de Lewy. Os sintomas associados a isso incluem tremores e rigidez muscular.
Embora as causas da demência ainda não sejam completamente compreendidas, fatores de risco modificáveis foram identificados. Hábitos saudáveis, como prática regular de exercícios físicos, um sono de qualidade e uma dieta equilibrada — reminiscentes da dieta mediterrânea — são considerados neuroprotetores. Em contrapartida, fatores como consumo de álcool, sedentarismo, hipertensão, diabetes e obesidade podem agravar a situação.
Essas diretrizes têm apoio em pesquisas recentes que indicam que cerca de 60% dos casos de demência estão relacionados a fatores que podem ser modificados, sugerindo que muitos casos poderiam ser prevenidos com mudanças no estilo de vida.