SAÚDE –

Metanol do Crime Organizado Pode Estar Atingindo Bebidas, Alertam Especialistas após Casos de Intoxicação em São Paulo

Na manhã de hoje, o diretor de comunicação da Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF), Rodolpho Heck Ramazzinio, trouxe à tona uma preocupação alarmante durante uma entrevista à TV Brasil. Ele alertou que o metanol, frequentemente importado pelo crime organizado para adulterar combustíveis, pode ter sido desviado para distribuidoras clandestinas de bebidas. Essa prática pode explicar os recentes casos de intoxicação por metanol registrados no estado de São Paulo.

Ramazzinio explicou que este redirecionamento ocorreu em resposta à Operação Carbono Oculto, uma ação da Receita Federal e suas agências parceiras que, no final de agosto, desmantelou um esquema complexo de fraudes, lavagem de dinheiro e falsificações no setor de combustíveis. Com a interdição de várias empresas do setor, o transporte de combustíveis ilícitos foi dificultado. “As empresas fechadas passaram a desovar seus produtos em novas distribuidoras, inclusive vendendo para destilarias clandestinas. O foco deles é apenas o volume de lucro, sem se preocupar com a saúde da população”, afirmou.

De acordo com dados do Anuário da Falsificação da ABCF de 2025, o setor de bebidas foi o mais afetado pelo mercado ilegal, com perdas que somaram impressionantes R$ 88 bilhões em 2024. Deste total, R$ 29 bilhões referem-se à sonegação de tributos, enquanto R$ 59 bilhões representam perdas de faturamento para indústrias que operam dentro da legalidade.

A Operação Carbono Oculto investigou cerca de mil postos de combustíveis ligados ao crime organizado, que movimentaram cerca de R$ 52 bilhões entre 2020 e 2024. A Receita Federal revelou que o metanol, inicialmente importado para outros fins, foi desviado para a produção de gasolina adulterada e, possivelmente, para a fabricação de bebidas.

A situação se agrava quando consideramos os números recentes apresentados pelo governo de São Paulo. Desde junho, foram confirmados seis casos de intoxicação por metanol, todos com suspeita de consumo de bebidas adulteradas. Dez casos ainda estão sob investigação, e três resultaram em mortes, incluindo um homem de 58 anos em São Bernardo do Campo.

Diante da gravidade da situação, o Centro de Vigilância Sanitária (CVS) orientou a população a evitar o consumo de bebidas de origem clandestina e a redobrar a atenção quanto à procedência dos produtos. A recomendação é para que consumidores adquiram apenas bebidas de fabricantes regularizados, que apresentem rótulos, lacres de segurança e selos fiscais, visando prevenir intoxicações e proteger a saúde.

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