As pesquisas mostram que as linhagens da variante Gamma surgidas na Maré estão associadas a casos no Brasil, Estados Unidos e Suíça. Além disso, as cepas da variante Delta, oriundas da região, também infectaram indivíduos em outros estados brasileiros e países como Estados Unidos, Índia, África do Sul, China e Suíça. Mutações da variante Ômicron encontradas na Maré foram ancestrais de casos registrados no Brasil e América Latina.
Os pesquisadores coletaram amostras de cerca de 500 moradores infectados pela covid-19 para analisar o impacto da circulação viral no complexo da Maré. De acordo com o pesquisador Thiago Moreno Souza, as características estruturais das favelas oferecem um ambiente propício para que vírus respiratórios se repliquem e sofram mutações, devido à baixa condição sanitária e moradias precárias em comunidades.
Diante disso, o estudo defende que as favelas sejam priorizadas para receber recursos e esforços de saúde pública, visando preparar-se para futuras epidemias ou pandemias. Com previsão de que mais de um terço da população mundial estará vivendo em favelas até 2050, compreender a dinâmica dos agentes infecciosos nesses territórios é fundamental para intervenções em saúde pública, considerando que frequentemente apresentam uma prevalência mais alta de doenças infecciosas comparado a outras áreas urbanas. Portanto, a melhoria da infraestrutura e dos serviços básicos nessas comunidades é crucial para fortalecer a saúde pública e a resiliência em crises futuras.