A Organização Mundial da Saúde (OMS) estabeleceu diretrizes para combater a hepatite, incluindo a meta de reduzir a incidência dos vírus B e C em 90% até 2030 e diminuir a mortalidade em 65%. Para reforçar essa prevenção, o dia 28 de julho foi designado como o Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais.
A boa notícia é que, na maioria dos casos, a hepatite viral é evitável. O infectologista Pedro Martins destaca que a hepatite A e E são transmitidas por via fecal-oral, comum em situações de contaminação de água e alimentos. Por outro lado, tipos B, C e D são transmitidos principalmente através do contato com fluidos corporais contaminados, como sangue, e também podem se espalhar pelo contato sexual desprotegido.
Um aspecto crucial na prevenção é a vacinação. O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece as vacinas contra hepatite A e B, sendo esta última também eficaz contra o vírus D, que só se desenvolve em indivíduos já infectados com hepatite B. O calendário vacinal recomenda a imunização de recém-nascidos, com doses sendo aplicadas nos primeiros meses de vida. Gestantes também são incentivadas a se vacinar, pois a transmissão pode ocorrer durante a gravidez ou parto.
Os esforços de vacinação têm mostrado resultados positivos. Estima-se que a taxa de detecção de hepatite B caiu de 8,3 para 5,3 casos a cada 100 mil habitantes entre 2013 e 2024. Segundo Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunização, a erradicação da hepatite B está ao alcance, uma vez que não existe um reservatório do vírus fora do ser humano. Portanto, a vacinação abrangente pode levar à eliminação de novos portadores crônicos.
No entanto, enquanto os casos de hepatite A diminuem, os diagnósticos entre adultos de 20 a 39 anos, especialmente entre homens, estão aumentando. Em resposta a surtos identificados, especialmente entre homens que têm sexo com homens, as campanhas de vacinação foram expandidas.
Infelizmente, a hepatite C, que representa a forma mais comum e letal da doença, ainda não possui vacina. Em 2024, o Brasil registrou 19.343 novos diagnósticos e 752 óbitos relacionados a essa variação. Apesar disso, a infecção pode ser testada e tratada com antivirais eficazes que apresentam uma taxa de cura superior a 95%. O infectologista Pedro Martins enfatiza a importância de um diagnóstico precoce, pois a falta de tratamento pode resultar em complicações sérias, como cirrose hepática e câncer de fígado, mesmo em indivíduos que não consomem álcool.