SAÚDE – Funcionária suspeita de laudos errados de HIV depõe à polícia após infectar pacientes transplantados; laboratório é interditado e investigado.

Na tarde desta terça-feira (15), a funcionária do laboratório PCS Lab Saleme, Jacqueline Iris Bacellar de Assis, compareceu à sede da Polícia Civil para prestar depoimento sobre o caso dos laudos de exames de HIV errados que resultaram na infecção de pacientes transplantados no Rio de Janeiro. A investigação está sob sigilo, mas informações divulgadas pela corporação indicam que Jacqueline estava sendo considerada foragida.

De acordo com nota oficial emitida pelo próprio laboratório, Jacqueline teria apresentado documentação falsa, como um diploma de biomédica e uma carteira profissional com habilitação em patologia, o que levou a empresa a acreditar que ela tinha competência para assinar os laudos.

Os laudos errados para HIV foram emitidos pelo laboratório em questão, responsável pelas testagens realizadas antes dos órgãos serem destinados a transplantes no estado do Rio de Janeiro. Como resultado, seis pacientes foram infectados com o vírus devido aos transplantes, após terem sido considerados negativos nos exames.

A Polícia Civil conduz a investigação do caso, que culminou na prisão de Walter Vieira, um dos sócios do laboratório, durante uma operação realizada nesta segunda-feira (14). O laboratório, por sua vez, ressaltou que há indícios de falha humana na transcrição dos resultados de dois testes de HIV, conforme alegado por Vieira em seu depoimento à polícia.

Em decorrência dos graves acontecimentos, o PCS Lab Saleme foi interditado pela Vigilância Sanitária local, com a orientação técnica da Anvisa, até que as investigações sejam concluídas, visando assegurar a segurança dos transplantes. Novos exames pré-transplante estão sendo realizados no Hemorio, segundo informações divulgadas.

O caso, considerado sem precedentes, tem sido classificado como grave pela Secretaria de Estado de Saúde (SES) e pelo Ministério da Saúde. Várias autoridades, incluindo a Anvisa, as Vigilâncias Sanitárias estadual e municipal e o Sistema Nacional de Transplantes, estão coordenando esforços para investigar a infecção por HIV nos pacientes transplantados no estado do Rio de Janeiro.

Adicionalmente, foi revelado que o laboratório possuía pelo menos três contratos com a Fundação Saúde, ligada à Secretaria Estadual de Saúde e responsável por administrar as unidades da rede estadual de saúde. Além disso, familiares do deputado federal Dr. Luizinho (PP-RJ), que foi secretário estadual de Saúde em determinado período, estão entre os sócios do laboratório.

Até o momento do fechamento desta reportagem, Jacqueline continuava prestando depoimento às autoridades policiais. Novas informações sobre o caso devem surgir à medida que a investigação avança e mais detalhes são esclarecidos.

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