SAÚDE – Fórum discute leishmaniose no Rio: zoonose em crescimento preocupa animais e humanos; campanhas de conscientização e tratamento são essenciais para saúde pública.

A leishmaniose, uma doença zoonótica que afeta tanto humanos quanto animais, é o foco do 1º Fórum Transacional de Zoonoses – Direito ao Tratamento, que acontece hoje, no auditório da Ordem dos Advogados do Brasil do Rio de Janeiro (OAB/RJ). Organizado pela OAB/RJ em parceria com a Associação Brasileira de Saúde e Causa Animal (ABRAESCA) e com apoio do CRMV-RJ, o evento é parte da campanha Agosto Verde, um mês nacional dedicado à conscientização sobre essa doença e seus impactos na saúde pública.

Dados recentes revelam que, apenas em 2024, foram registrados 386 casos de leishmaniose em cães na capital fluminense. Até março de 2025, 80 novos casos haviam sido contabilizados. Os bairros mais afetados, segundo o Instituto Municipal de Vigilância Sanitária do Rio de Janeiro, incluem Benfica, Engenho Novo, Engenho de Dentro, Piedade, Cascadura e Quintino, todos localizados na zona norte da cidade. A ABRAESCA também aponta que, entre 2012 e 2025, foram confirmados 52 casos de leishmaniose em humanos, dos quais 21 foram transmitidos localmente, também em áreas da zona norte.

Um desafio significativo identificado é a subnotificação de casos, em parte devido ao medo que tutores de animais têm de que seus pets sejam submetidos à eutanásia ao revelarem a doença. Para a presidente da ABRAESCA, Tifanny Barbara Cotta Pinheiro Pires, essa cultura de silêncio é preocupante. Ela ressalta a necessidade urgente de aumentar a conscientização sobre a leishmaniose, uma vez que muitos acreditam que a doença não é uma realidade. Dentre as soluções, ela menciona a introdução de coleiras repelentes que podem oferecer proteção aos animais, podendo ser usadas tanto como prevenção quanto durante o tratamento.

O Fórum reúne especialistas de distintas esferas, incluindo representantes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e do Ministério Público, com o objetivo de discutir abordagens mais eficazes e éticas para o enfrentamento da doença. Os debates incluem a atualização de protocolos terapêuticos e a formulação de estratégias de prevenção.

Os fatores que contribuem para a disseminação da leishmaniose são variados, incluindo a presença do vetor Lutzomyia longipalpis, a urbanização e novas evidências de transmissão vertical entre animais de vida livre. Tais elementos somam-se a condições socioeconômicas que agravam a situação.

Em suma, o encontro busca promover a interdependência entre o ser humano, os animais e o meio ambiente, enfatizando que a saúde pública é um esforço coletivo. A ABRAESCA, uma organização sem fins lucrativos, promove iniciativas voltadas para a saúde única e o controle de zoonoses e vem defendendo políticas públicas que incentivem o tratamento e divulgação da leishmaniose. Para informações sobre o evento, o público pode acessar a programação completa online.

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