SAÚDE – Exames de glaucoma no SUS crescem 63% entre 2019 e 2024, mas desigualdade no acesso persiste entre regiões do Brasil, alerta Conselho de Oftalmologia.

De 2019 a 2024, o acesso a exames para o diagnóstico de glaucoma no Brasil passou por um crescimento significativo. Nos últimos cinco anos, o Sistema Único de Saúde (SUS) registrou quase 10 milhões de exames específicos realizados, apresentando um aumento notável de 1.377.397 exames em 2019 para 2.251.284 em 2024. Essa variação representa um crescimento de 63%, conforme dados coletados pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO).

Entretanto, esse progresso não ocorreu de forma uniforme em todo o país. O Sudeste se destacou com um aumento impressionante de 116% na realização desses exames, enquanto a região Nordeste apresentou o menor crescimento, marcando apenas 24%. Essa discrepância regional ressalta a urgência de desenvolver estratégias que assegurem igualdade no acesso à detecção precoce do glaucoma, um objetivo defendido pelo CBO.

Uma análise dos dados revela que os estados de São Paulo, Rio Grande do Sul e Pernambuco se destacaram em termos absolutos. São Paulo lidera com 2.689.770 exames realizados, seguido pelo Rio Grande do Sul e Pernambuco, com 1.822.862 e 1.155.862 exames, respectivamente. Por outro lado, estados como Amapá, Acre e Rondônia apresentaram os menores números, evidenciando uma desigualdade no acesso à saúde.

O CBO alerta que, mesmo levando em conta algumas particularidades regionais, a subnotificação é uma realidade preocupante, especialmente entre os estados da Região Norte. Um dado positivo, porém, foi o desempenho do Rio de Janeiro, que registrou um aumento de 160% na realização de exames, uma das maiores no país. O Sudeste, em geral, apresentou um crescimento robusto, enquanto o Nordeste se destacou pelo desempenho insatisfatório, com quatro de seus estados registrando redução na realização de exames.

Essa situação aponta para um problema sério: a dificuldade de acesso a consultas oftalmológicas, especialmente em áreas mais remotas ou com infraestrutura precária, pode levar a diagnósticos tardios, comprometendo a qualidade de vida dos pacientes e gerando custos adicionais ao sistema de saúde.

O CBO também enfatiza a importância dos direitos dos pacientes com glaucoma dentro do SUS, incluindo o acesso a medicamentos e procedimentos cirúrgicos. Medidas como a Política de Combate à Cegueira e o Programa de Atenção ao Paciente Portador de Glaucoma visam melhorar o acompanhamento desses pacientes. No entanto, a eficácia desses programas depende da capacidade dos pacientes de acessarem os serviços de forma ágil e eficiente.

Em maio, para reforçar a conscientização sobre o glaucoma, o CBO e a Sociedade Brasileira de Glaucoma iniciaram uma campanha educativa. Um evento online programado proporcionará um espaço para que especialistas respondam a dúvidas frequentes e desmistifiquem informações incorretas sobre a doença. Além disso, a campanha levará o debate sobre glaucoma ao Congresso Nacional, aumentando a visibilidade e a importância de um diagnóstico precoce dessa condição invisível, que pode levar à perda irreversível da visão se não tratado a tempo. A saúde ocular é um aspecto crítico da saúde pública, e a contínua luta por equidade no acesso a tratamentos deve ser uma prioridade para todos os sistemas de saúde do país.

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