Esses fatores são especialmente relevantes ao considerarmos que, segundo dados do Relatório Nacional sobre a Demência, entre 12,5% e 17,5% da população idosa brasileira vive com algum tipo de demência. Esse número tende a aumentar à medida que a proporção de idosos na sociedade cresce. A pesquisa identificou que a baixa escolaridade é responsável por aproximadamente 9,5% dos casos, seguida pela perda visual, com uma associação de 9,2%, e pela depressão, com 6,3%.
O estudo também destaca outros 11 fatores, incluindo isolamento social, poluição do ar, hipertensão, diabetes e obesidade, que podem aumentar o risco de desenvolver demência. O impacto da educação e da estimulação cognitiva desde a infância é crucial, uma vez que a formação de novas conexões neuronais aumenta a capacidade do cérebro de se recuperar de danos futuros. Além disso, a perda visual e a depressão são mencionadas como causas importantes, pois a falta de estímulos visuais e a falta de motivação para atividades podem comprometer a saúde cognitiva ao longo do tempo.
Os pesquisadores afirmam que as desigualdades socioeconômicas e o acesso desigual à educação e ao cuidado de saúde mental intensificam o risco de demência, particularmente em regiões mais pobres e entre a população negra. Assim, há um apelo para que as autoridades implementem políticas públicas eficazes e prioritárias, que incluam medidas em educação, saúde visual e mental.
Com o envelhecimento da população brasileira e o aumento da prevalência de demência, a pesquisa sublinha que é essencial implementar estratégias de prevenção. A geriatra Cláudia Suemoto, autora do estudo, ressalta que as intervenções devem ser integradas ao longo da vida, começando na infância. Ela enfatiza a necessidade urgente de olhar para os fatores de risco e elaborar políticas que promovam a saúde pública, afirmando que melhorar a educação, tratar condições de saúde como hipertensão e diabetes, e oferecer serviços de saúde mental pode contribuir significativamente para a prevenção da demência no país.