Os resultados dessa pesquisa foram divulgados no relatório intitulado “A ‘Cracolândia’ pelos usuários: como as pessoas que vivem nas ruas do território percebem as políticas públicas”, produzido pelo Núcleo de Estudos da Burocracia da Fundação Getulio Vargas (NEB/FGV), pelo Centro de Estudos da Metrópole da Universidade de São Paulo (CEM/USP) e pelo Grupo de Estudos (in)disciplinares do Corpo e do Território (Cóccix).
Segundo os pesquisadores, esses dados mostram que as abordagens tradicionais de tratamento não estão sendo eficazes para lidar com a problemática da Cracolândia. A maioria dos entrevistados era composta por homens negros, com idade entre 30 e 49 anos, sendo que mais de 80% deles declararam fazer uso de crack.
O estudo também buscou investigar as relações interpessoais dos usuários e sua percepção em relação aos serviços de saúde oferecidos. Uma das conclusões mais impactantes foi que muitos entrevistados enxergam as internações como um momento de descanso e recuperação física, mas não como uma solução definitiva para o uso de drogas.
Além disso, a pesquisa apontou que aproximadamente metade dos participantes mantêm contato com suas famílias e mais de dois terços realizam atividades produtivas regularmente, como a reciclagem e a venda de objetos. Esses dados revelam a complexidade da realidade dos moradores da Cracolândia e a necessidade de repensar as políticas públicas voltadas para essa população vulnerável.