SAÚDE –

Espírito Santo Registra Surto Histórico de Febre Oropouche e Gera Alerta Nacional entre Autoridades de Saúde

Surto de Febre Oropouche no Brasil: Crescimento Acelerado e Desafios na Saúde Pública

Em 2023, a febre oropouche, uma doença anteriormente restrita à Região Amazônica, surpreendeu ao se disseminar rapidamente pelo Brasil. Com 6.318 casos confirmados apenas no Espírito Santo, localizado a quase 3 mil quilômetros da Amazônia, a situação alarmou autoridades de saúde e pesquisadores que buscam entender as razões por trás desse aumento abrupto. Até o momento, já foram registrados 11.805 casos em 18 estados e no Distrito Federal, somando cinco mortes, sendo quatro no Rio de Janeiro e uma no Espírito Santo.

Os sintomas da febre oropouche são semelhantes aos de outras doenças transmitidas por mosquitos, como dengue e chikungunya, e incluem febre alta, dores de cabeça, musculares e articulares. Além disso, a infecção pode resultar em complicações para gestantes, como microcefalia e malformações, evidenciando uma urgência em reforçar medidas de prevenção, especialmente para esse grupo vulnerável.

Pesquisadores apontam que a disseminação da doença está relacionada a uma nova linhagem do vírus que emergiu no Amazonas e se espalhou devido a fatores ambientais, como o desmatamento. Felipe Naveca, chefe do Laboratório de Arbovírus e Hemorrágicos do Instituto Oswaldo Cruz, destaca que regiões com mudanças no uso do solo favorecem a proliferação do mosquito vetor, o Culicoides paraensis, mais conhecido como maruim. Este mosquito requer ambientes úmidos e matéria orgânica em decomposição para se reproduzir, áreas predominantes em plantações de banana e café.

O Ministério da Saúde tem intensificado o monitoramento da doença, promovendo reuniões com as autoridades locais para aprimorar as notificações e investigações dos casos. Em parceria com instituições de pesquisa, o governo avalia o uso de inseticidas e aprimora a capacitação de profissionais de saúde, que precisam se familiarizar com o diagnóstico e manejo da febre oropouche, diferenciando-a de outras arboviroses.

No Espírito Santo, grande parte dos municípios apresenta características periurbanas, propícias ao surgimento do maruim. O subsecretário de Vigilância em Saúde do estado, Orlei Cardoso, aponta que o período de colheita do café atrai trabalhadores de diversas regiões, aumentando o risco de transmissão do vírus. Além disso, o Ceará, uma área que também vem enfrentando surtos da doença, registra casos concentrados em regiões de plantio, mostrando que a febre oropouche não é uma preocupação exclusiva da Amazônia.

Um estudo internacional revelou que mudanças climáticas têm um papel crucial na disseminação da febre oropouche, contribuindo significativamente para surtos. Diante desse cenário, o desafio da saúde pública é grande: além de ensinar a população sobre medidas preventivas, como o uso de roupas adequadas e telas de proteção, é fundamental implementar estratégias eficazes para controlar o vetor e evitar novas infecções. A ameaça representada pela febre oropouche exige uma resposta coordenada e rápida para proteger a saúde da população brasileira.

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