No comunicado inicial, a UFRJ havia informado que havia registrado um aumento moderado e progressivo no número de diagnósticos de covid-19 em seu centro próprio de testagem, o Centro de Triagem e Diagnóstico do Núcleo de Enfrentamento e Estudos de Doenças Infecciosas Emergentes e Reemergentes (CTD/Needier). No texto divulgado nesta sexta-feira, a universidade detalha que a taxa de positividade dos testes de covid-19 subiu de 4% para 13%, mesmo com uma baixa procura pelos testes.
A UFRJ ressalta que o crescimento de casos positivos diagnosticados no centro nas últimas semanas é preocupante e justifica a reconsideração da adoção de medidas de proteção, especialmente para as populações vulneráveis. A universidade lembra que, embora a Organização Mundial da Saúde (OMS) tenha declarado o fim da “Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional”, a covid-19 ainda é considerada uma ameaça à saúde pública e continua a se espalhar como uma pandemia.
Além disso, a UFRJ argumenta que a detecção de novas variantes no Brasil é apenas uma questão de tempo, devido à grande mobilidade global de pessoas e à circulação de novas linhagens da cepa Ômicron, como a nova subvariante de interesse EG.5, já detectada em 51 países. Um caso confirmado dessa variante já foi identificado no Brasil. Uma mulher de 71 anos, que já se recuperou da covid-19, foi infectada pela EG.5 e apresentou os primeiros sintomas no dia 30 de julho, de acordo com o Ministério da Saúde.
A Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro também registrou um aumento na positividade dos testes de covid-19, segundo um comunicado divulgado nesta sexta-feira. A taxa de positividade dos exames de RT-PCR aumentou de 2%, na última semana de julho, para 20%, entre os dias 6 e 12 de agosto. No entanto, o número de solicitações de leitos e atendimentos nas emergências e UPAs da rede estadual não está apresentando uma tendência de alta.
Mesmo assim, a secretaria decidiu expandir os testes de covid-19 nas UPAs e emergências da rede estadual. A população é recomendada a manter o esquema vacinal contra a covid-19 em dia, conforme orientação da SES-RJ, que enfatiza que o cenário atual não justifica medidas restritivas.
No entanto, a Prefeitura do Rio de Janeiro expressou publicamente sua discordância em relação ao retorno do uso de máscaras nesse momento. O prefeito Eduardo Paes utilizou as redes sociais para manifestar a oposição da administração municipal a essa medida e ainda escreveu: “esperamos que não inventem o ensino à distância!”
O Secretário Municipal de Saúde, Daniel Soranz, também avaliou que não é o momento para adotar máscaras. Segundo ele, não houve nenhuma alteração no cenário epidemiológico que justifique o uso indiscriminado de máscaras, e a recomendação é que todos os maiores de 12 anos recebam a dose de reforço da vacina bivalente contra a covid-19.
Um dia após o comunicado da UFRJ sobre o uso de máscaras, a Sociedade Brasileira de Infectologia também se pronunciou, afirmando que não há necessidade de mudar as recomendações atuais para a prevenção da covid-19. A entidade ressalta que não houve alteração no número de casos notificados de covid-19 ou aumento nos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) no Brasil até o momento.
A sociedade médica destaca a importância de completar o esquema vacinal com as doses de reforço e considera fundamental aumentar a vigilância genômica do SARS-CoV-2 por meio do sequenciamento de amostras coletadas nos testes de RT-PCR, para monitorar a circulação de variantes no país.
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), por meio do Boletim Infogripe, relatou que o cenário atual mostra uma queda ou estabilização dos casos positivos de síndrome respiratória aguda grave causada pelo Sars-CoV-2 (covid-19). Segundo Marcelo Gomes, coordenador do Infogripe, é necessário que os estados continuem coletando e enviando amostras para manter a capacidade de vigilância genômica do Sars-CoV-2 em todo o território nacional.
“A situação atual ainda é relativamente tranquila, mas isso não muda o fato de que a população deve estar em dia com a vacinação contra a covid-19. Os dados continuam mostrando que a vacina oferece uma proteção muito boa, especialmente contra formas graves da doença”, enfatiza Marcelo Gomes.