O relatório indica que 8,1% da população, ou mais de 13 milhões de pessoas, utiliza drogas ilícitas, um aumento significativo em comparação a estudos anteriores. Para os adultos, o consumo cresceu de 6,3% em 2012 para 15,8% em 2023, marcando uma evolução notável também entre as mulheres, cuja taxa triplicou, passando de 3% para 10,6%. Investigando mais a fundo, a pesquisa, que é realizada desde 2006 e nesta última edição envolveu 16.608 questionários aplicados a maiores de 16 anos, evidencia mudanças pronunciadas no perfil dos usuários, além da crescente presença de substâncias sintéticas no mercado.
As regiões Sul e Sudeste do Brasil estão entre as que mais consomem essas substâncias, com um destaque notável para a faixa etária de 18 a 34 anos. Enquanto o consumo de cocaína e crack se mantém relativamente estável, observa-se um aumento expressivo no uso de estimulantes sintéticos e alucinógenos, especialmente em ambientes urbanos. O estudo posiciona o Brasil em uma posição intermediária em comparação internacional, mas ressalta os altos índices de transtornos relacionados ao uso de drogas, demandando atenção das redes de saúde mental e seus serviços correlatos.
No que diz respeito à cannabis, considerada a substância ilícita mais consumida no país, mais de 10 milhões de brasileiros relataram ter feito uso nos últimos doze meses, somando um total de 28 milhões que já a utilizaram em algum momento da vida, sendo o dobro do que foi registrado em 2012. É preocupante que, entre adolescentes de 14 a 17 anos, cerca de 1 milhão se declare usuário esporádico, com uma mudança no padrão de consumo: enquanto a taxa entre meninos caiu, o índice entre meninas aumentou significativamente.
Ainda, aproximadamente 54% dos usuários de cannabis informaram que utilizam a substância diariamente por, pelo menos, duas semanas consecutivas, o que resulta em 3,3% da população, ou mais de 3,9 milhões de brasileiros. Destes, cerca de 2 milhões estão em condição de dependência, evidenciando a necessidade urgente de medidas preventivas eficazes. O estudo também aponta um aumento na tentativa de buscar ajuda em emergências devido ao consumo de drogas, especialmente entre adolescentes, um sinal claro de vulnerabilidade de grupos específicos.
Além disso, a investigação destaca um crescente interesse por substâncias sintéticas e psicodélicas. O uso de Ecstasy, por exemplo, saltou de 0,76% para 2,20%, enquanto o consumo de alucinógenos e estimulantes sintéticos também apresentou aumento significativo, o que revela um mercado de drogas cada vez mais complexo.
A pesquisa, realizada em colaboração com a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos do Ministério da Justiça e Segurança Pública, reforça a necessidade de um desenho de políticas públicas que adotem uma abordagem mais integrativa e sensível às questões de gênero. Os pesquisadores enfatizam a urgência de estratégias que priorizem a vigilância epidemiológica em álcool e outras drogas como parte fundamental de um sistema de saúde robusto, e a importância dos dados gerados para informar ações futuras de prevenção e atendimento ao público afetado.







