Fátima Rodrigues Fernandes, presidente da Asbai, enfatizou, em entrevista, que as doenças tratadas pela associação são profundamente afetadas por alterações ambientais. Embora fatores genéticos desempenhem um papel, é inegável que a poluição e o aquecimento global exacerbam as condições de saúde, especialmente entre as populações mais vulneráveis, como crianças, idosos e gestantes. Isso ocorre devido ao comprometimento das defesas do organismo e à inflamação das mucosas respiratórias e da pele.
Doenças como rinite alérgica, que afeta até 30% da população brasileira, conjuntivite e dermatite atópica, têm sua incidência elevada por causa do aumento dos alérgenos e poluentes no ar. Fernandes observa que catástrofes climáticas recentes, como enchentes que ocorreram no Rio Grande do Sul, favorecem a proliferação de alérgenos, como pólens e fungos. Além disso, um estudo do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) aponta que a incidência de incêndios, como os que afetaram a Região Norte do Brasil, tem contribuído para a poluição atmosférica, disseminando fumaça e aumentando os problemas respiratórios em toda a nação e em países vizinhos.
Fernandes também alerta sobre o impacto dos microplásticos, já que o Brasil é um dos maiores produtores de plástico do mundo. A contaminação por essas substâncias pode influenciar o sistema imunológico e está associada a um aumento de casos de alergias e intolerâncias alimentares. Ela destaca que em cenários de desastres climáticos, como os enfrentados em várias regiões do país, o acesso a cuidados de saúde se torna ainda mais difícil, agravando crises de doenças como asma e doença pulmonar obstrutiva crônica.
A Asbai espera que a COP30 funcione como um fórum para discutir e implementar políticas eficazes de combate à poluição e ao aquecimento global, como a continuidade das negociações do Tratado Global contra a Poluição Plástica. O congresso contará com 200 participantes, incluindo representantes de entidades renomadas na área de alergia e imunologia, reforçando a importância do tema em um contexto global.
A expectativa é de que as discussões resultem em ações práticas que mitiguem os efeitos dessas questões sobre a saúde da população, contribuindo para um futuro mais saudável e sustentável.
