Com a capacidade de fornecer até 190 milhões de ovos de mosquitos com a bactéria Wolbachia por semana, o projeto é projetado para proteger até 100 milhões de pessoas anualmente. Além disso, a fábrica também produz o conhecido produto Aedes do Bem, que promete reduzir em até 95% a população de mosquitos nas áreas urbanas.
A inauguração, ocorrida na quinta-feira, 2 de outubro, marca um passo significativo para atender ao chamado da Organização Mundial da Saúde (OMS), que clama por métodos inovadores e eficazes para o controle de vetores. Esses novos esforços são ainda mais urgentes diante do aumento alarmante de casos de dengue em diversas regiões da América Latina e da Ásia-Pacífico.
Enquanto a instalação aguarda a autorização da Anvisa, ela já se prepara para começar a fornecer mosquitos com Wolbachia ao governo, um alívio em meio à crescente demanda por soluções eficientes e acessíveis, principalmente com a chegada do período mais prolífico para os mosquitos no Brasil. É importante ressaltar que a implementação da fábrica ocorreu sem necessidade de financiamento estatal, refletindo um novo modelo de gestão.
As duas abordagens de controle biológico propostas pela Oxitec funcionam por meio da liberação de machos em áreas urbanas. A tecnologia Wolbachia, reconhecida pela OMS e adotada pelo Ministério da Saúde como parte de seu programa nacional de controle da dengue, visa grandes campanhas de saúde pública. Em contraste, o método Aedes do Bem prevê intervenções mais localizadas, permitindo que a comunidade participe na supressão dos mosquitos.
A diretora-executiva da empresa, Natalia Verza Ferreira, explicou que a Wolbachia é uma bactéria que não é encontrada no Aedes aegypti, mas que, ao ser introduzida, pode inibir a reprodução do vírus da dengue. Isso ocorre porque a bactéria reproduz-se nas mesmas áreas em que o vírus se propaga, funcionando de maneira análoga a uma vacina. Ao acasalar com machos portadores da Wolbachia, as fêmeas geram descendentes que também carregam a bactéria e, portanto, não conseguem transmitir a dengue, zika ou chikungunya.
Por outro lado, o Aedes do Bem provoca a morte das fêmeas na fase larval após cruzamentos, diminuindo assim a população de mosquitos que picam e transmitem a doença. Importante notar que essas duas tecnologias não podem ser implementadas simultaneamente, pois isso poderia inviabilizar a eficácia das abordagens.
Natalia enfatizou que a introdução dessas tecnologias é uma política pública significativa para a prevenção de doenças, especialmente considerando os surtos devastadores de dengue enfrentados pelo Brasil nos últimos anos. Com as inovações trazidas pelo complexo em Campinas, o país se equipa melhor para lidar com a questão da dengue, garantindo soluções rápidas e confiáveis às comunidades.
Enquanto a Anvisa trabalha na regulamentação dessas novas abordagens, a expectativa é de que esta empreitada ajude a transformar a forma como o Brasil enfrenta a dengue, oferecendo esperanças de um futuro mais saudável para a população.