O levantamento, que abrangeu dados entre 2022 e 2024, foi realizado como parte do Terceiro Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad 3) e marca a inclusão dos cigarros eletrônicos pela primeira vez nesta pesquisa, sinalizando a ascensão de um novo fenômeno entre os jovens. Embora a comercialização do produto seja proibida no Brasil, a coordenadora da pesquisa e professora de psiquiatria da Unifesp, Clarice Madruga, apontou que a acessibilidade do dispositivo pela internet facilita sua aquisição, contribuindo para o aumento do consumo.
Além do problema do acesso, a professora alerta para os riscos à saúde associados ao uso de cigarros eletrônicos. A inalação de substâncias nocivas presentes nesses dispositivos, como a nicotina, é considerada mais arriscada em comparação ao tradicional cigarro, uma vez que pode expor os jovens a níveis significativamente maiores de toxinas. Clarice expressa sua preocupação com o retrocesso no combate ao tabagismo, que testemunhou uma queda significativa nas taxas de fumo desde o início das políticas antitabagistas na década de 1990. Este novo desafio, no entanto, levou a um aumento considerável no consumo, especialmente entre os adolescentes.
“Estamos enfrentando um novo desafio que quebrou uma trajetória de sucesso, onde conseguimos reduzir drasticamente o tabagismo. Hoje, observamos índices de consumo muito superiores, especialmente entre os jovens, que permanecem invisíveis”, afirma. Para abordar essa questão, os participantes do estudo foram oferecidos encaminhamentos para tratamento no Hospital São Paulo e no Centro de Atenção Integral em Saúde Mental da Unifesp, destacando a necessidade de intervenções adequadas para lidar com esse preocupante cenário.