Desenvolvida no Centro de Tecnologia de Vacinas (CT-Vacinas) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a vacina é fruto de uma parceria com a Fundação Ezequiel Dias (Funed) e recebeu apoio financeiro do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), uma iniciativa gerida pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). Segundo o coordenador do CT-Vacinas, Ricardo Gazzinelli, durante os ensaios clínicos, a SpiN-TEC apresentou um perfil de efeitos colaterais inferior ao da vacina da Pfizer, um dado que destaca a segurança do novo imunizante.
A vacina utiliza uma abordagem inovadora chamada imunidade celular, que visa preparar as células para resistir à infecção. Caso a infecção ocorra, o sistema imunológico é capacitado a atacar e destruir apenas as células infectadas. Esta estratégia mostrou-se mais eficaz contra variantes do coronavírus durante os testes, tanto em organismos animais quanto em dados preliminares obtidos em humanos.
Até o momento, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) já investiu R$ 140 milhões no projeto, apoiando todas as etapas dos testes clínicos, que incluem as fases 1, 2 e agora prestes a iniciar a fase 3, que contará com a participação de 5,3 mil voluntários de diversas regiões do Brasil. Gazzinelli ressalta que a SpiN-TEC representa um marco para a autonomia científica do país, já que a maioria dos testes clínicos realizados no Brasil envolvem vacinas desenvolvidas fora do país.
O Centro de Tecnologia de Vacinas, criado em 2016, é uma parceria entre a UFMG, o Instituto René Rachou da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz-Minas) e o Parque Tecnológico de Belo Horizonte, contando atualmente com aproximadamente 120 pesquisadores e técnicos. A necessidade de desenvolver vacinas nacionais ficou evidente durante a pandemia, indicando que o Brasil precisa de mais soberania na produção de imunizantes.
Ademais, o CT-Vacinas não está focado apenas na COVID-19, mas também pesquisa vacinas para outras doenças, como malária, leishmaniose, chagas e monkeypox. Segundo Gazzinelli, a promoção da vacinação é vital para a proteção da população, evidenciando que mais pessoas vacinadas resulta em menor mortalidade e proteção coletiva frente a doenças. A chegada da SpiN-TEC ao Sistema Único de Saúde (SUS) até 2027, se aprovada em todas as etapas, pode mudar o cenário da saúde pública no Brasil.