SAÚDE – Avanços na Vacinação: Pesquisa em SP Conclui Testes Promissores de Imunizante Contra o Vírus Zika em Camundongos, Rumo a Fases em Humanos.

Pesquisadores do Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo avançaram significativamente no desenvolvimento de uma vacina contra o vírus zika, ao concluir com sucesso os testes em camundongos. Esses roedores geneticamente modificados, que são mais suscetíveis à infecção, demonstraram resultados promissores, evidenciando que a vacina induziu a produção de anticorpos que conseguiram neutralizar o vírus. Além disso, o imunizante mostrou-se eficaz em prevenir o agravamento da infecção, evitando a manifestação de sintomas e lesões.

Durante os testes, a equipe de pesquisa também avaliou os efeitos da infecção em diferentes órgãos, incluindo fígado, rins, cérebro, ovários e testículos, com resultados particularmente satisfatórios nas análises dos dois últimos. Essa descoberta não apenas reforça a eficácia do imunizante, mas também abre novos caminhos para entender a patologia causada pelo zika.

O desenvolvimento da vacina se baseia em uma plataforma de partículas semelhantes ao vírus, conhecidas como VLPs, tecnologia que já se mostrou eficaz em vacinas contra Hepatite B e HPV. Esse método inovador permite a produção do imunizante sem a necessidade de adjuvantes, substâncias que potencializam a resposta imunológica.

A abordagem biotecnológica adoptada pela equipe, com o uso de sistemas procarióticos – como bactérias – para a produção do imunizante, visa aumentar a eficiência da fabricação, embora exija cuidado com a produção de antitoxinas bacterianas. Essa técnica já havia sido previamente aplicada por pesquisadores no desenvolvimento de uma vacina contra a Covid-19.

Gustavo Cabral de Miranda, líder do grupo, destaca sua experiência no Instituto Jenner, em Oxford, onde trabalhou em tecnologias que incluem a modificação de adenovírus para desenvolver vacinas. Ele explica que essa experiência contribuiu para a rápida evolução das pesquisas em resposta à pandemia, levando ao aprimoramento das capacidades tecnológicas e à viabilidade de produção local de vacinas.

Entretanto, a produção de uma vacina envolve um complexo processo de financiamento e desenvolvimento. A equipe está em busca de recursos para avançar às fases de testes clínicos em humanos, um passo que exige investimento substancial. Enquanto isso, os pesquisadores exploram outras abordagens, como vacinas de RNA mensageiro e diferentes estratégias de imunização.

Miranda enfatiza a importância de estabelecer fábricas de vacinas no Brasil, o que permitiria ao país uma resposta rápida a emergências de saúde pública, como a que foi observada durante a pandemia de Covid-19. Ele acredita que o avanço em diversas plataformas de imunização não só enriquece o arsenal de tecnologias para o desenvolvimento de vacinas, mas também se torna uma estratégia crucial para o futuro da saúde pública no Brasil. A continuidade das pesquisas, no curto, médio ou longo prazo, se mostra essencial para garantir que o país esteja preparado para enfrentar desafios epidemiológicos.

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