SAÚDE – “Atividades ao ar livre podem reduzir casos de miopia em crianças, alerta Conselho Brasileiro de Oftalmologia durante congresso em Curitiba”

A prática de atividades ao ar livre surge como uma medida preventiva eficaz contra a miopia nas primeiras fases da vida. Contudo, a crescente urbanização e o uso precoce de telas têm reduzido o tempo que crianças e adolescentes passam fora de casa, resultando em um desafio significativo para manter esse hábito saudável.

Um estudo recente traça um cenário preocupante sobre a prevalência da miopia entre jovens brasileiros, revelando que 7,6% de crianças e adolescentes entre 3 e 18 anos são afetados pela condição. As estatísticas são ainda mais alarmantes quando se analisam disparidades regionais: enquanto em comunidades quilombolas rurais a prevalência é de apenas 1,06%, em áreas urbanas esse número salta para impressionantes 20,4%. Essa variação é um indicativo claro da influência do ambiente no desenvolvimento da doença.

Em comparação ao resto da América Latina, cuja média de miopia está em torno de 8,61%, o Brasil mantém uma taxa que se distancia da realidade asiática, onde países como China e Coreia do Sul têm prevalências de 87,7% e 69%, respectivamente. Essa diferença internacional chama a atenção para a necessidade urgente de estratégias que abordem o problema de forma holística.

A etiologia da miopia é multifatorial, envolvendo tanto aspectos genéticos quanto ambientais. Crianças cujos pais apresentam a condição têm até cinco vezes mais chances de desenvolvê-la. Além disso, práticas como a leitura prolongada em ambientes fechados são potenciadores do problema. Por outro lado, pesquisadores indicam que a exposição à luz solar pode atuar como um fator protetor, sugerindo que apenas 40 minutos diários de atividades ao ar livre podem reduzir significativamente o risco de miopia.

Os impactos do confinamento durante a pandemia de covid-19 evidenciam a urgência de ações efetivas. Em Hong Kong, por exemplo, a prevalência de miopia na população saltou de 44% para 55% em um único ano, revelando como a falta de exposição ao sol e a diminuição das atividades externas potencializaram o problema.

Além disso, o envelhecimento da população míope tende a aumentar os custos para o sistema de saúde, já que as complicações associadas à miopia elevada podem ser complexas e dispendiosas. Diante desse cenário, especialistas clamam por políticas públicas que incluam triagens visuais nas escolas, campanhas informativas sobre a importância das atividades externas desde a infância e orientações precisas para as famílias sobre a realização de consultas oftalmológicas regulares. Essa abordagem integrada pode ser a chave para combater a crescente epidemia de miopia que assola a sociedade contemporânea.

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