“São Sebastião”: Romance de Luis Felipe Abreu Explora Traumas de Epidemias Através de Memórias Familiares e Questões de Identidade em Lançamento no Rio e Porto Alegre.

O romance “São Sebastião”, de Luis Felipe Abreu, que recentemente conquistou o I Prêmio UERJ de Literatura, aborda de maneira sensível os traumas impactantes deixados por pandemias, contextualizando esses sentimentos em uma narrativa que flui entre passado e presente. A obra apresenta a história de um menino que, na década de 1990, embarca em uma viagem enigmática com seu pai. Somente anos mais tarde, ele irá descobrir que essa jornada se tratava de uma fuga emocional do luto pela perda do parceiro do seu pai em decorrência da AIDS.

Avançando três décadas, já na vida adulta e internado devido à Covid-19, o protagonista se vê obrigado a reviver essas memórias que fazem ecoar questões sobre doenças, segredos familiares, além das histórias que ficaram em silêncio. A importância dessa obra foi destacada nas palavras de renomadas autoras, Adriana Lisboa e Ieda Magri, que participaram como juradas do prêmio que consagrou Abreu.

O lançamento do livro está marcado para o dia 10 de junho, às 18h30, na Capela Ecumênica da UERJ, acompanhado pela cerimônia de premiação do autor. Posteriormente, Luis Felipe levará a obra à sua cidade natal, Porto Alegre, onde a apresentação ocorrerá no dia 14 de junho, às 16h, em um evento na livraria Bancaberta, localizada no bairro Bom Fim.

Luis Felipe reflete sobre a complexidade das relações familiares e o impacto de epidemias em nossas vidas. Ele observa que só compreendemos quem foram nossos pais muitos anos depois, assim como a verdadeira extensão de uma epidemia só é revelada ao longo do tempo. Essa narrativa nos instiga a considerar como o silêncio em torno das crises sanitárias pode nos afetar.

Além da trama familiar, o romance é enriquecido por um monólogo que tributa a vida de São Sebastião, o santo patrono dos doentes, cuja imagem também é uma referência à cultura queer. Essa dualidade entre o sagrado e o secular se sobrepõe às experiências do narrador, que utiliza a arte como um meio de mascarar suas próprias dores.

Com influências literárias que vão de autores como João Gilberto Noll até cineastas como Wim Wenders, “São Sebastião” convida os leitores a uma reflexão profunda sobre como as epidemias moldam identidades e relações. A obra propõe uma provocação: o desejo de superação não deve, em hipótese alguma, estar atrelado ao apagamento das experiências passadas.

Luis Felipe Abreu, nascido em 1993 em Porto Alegre, é um intelectual multifacetado, que atua como escritor, pesquisador e professor. Com um doutorado em Comunicação pela UFRGS e atualmente como pós-doutorando em Ciência da Literatura na UFRJ, ele já publicou outras obras e busca explorar temas que envolvem identidade, trauma geracional e os limites entre a ficção e a realidade.

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