Avançando três décadas, já na vida adulta e internado devido à Covid-19, o protagonista se vê obrigado a reviver essas memórias que fazem ecoar questões sobre doenças, segredos familiares, além das histórias que ficaram em silêncio. A importância dessa obra foi destacada nas palavras de renomadas autoras, Adriana Lisboa e Ieda Magri, que participaram como juradas do prêmio que consagrou Abreu.
O lançamento do livro está marcado para o dia 10 de junho, às 18h30, na Capela Ecumênica da UERJ, acompanhado pela cerimônia de premiação do autor. Posteriormente, Luis Felipe levará a obra à sua cidade natal, Porto Alegre, onde a apresentação ocorrerá no dia 14 de junho, às 16h, em um evento na livraria Bancaberta, localizada no bairro Bom Fim.
Luis Felipe reflete sobre a complexidade das relações familiares e o impacto de epidemias em nossas vidas. Ele observa que só compreendemos quem foram nossos pais muitos anos depois, assim como a verdadeira extensão de uma epidemia só é revelada ao longo do tempo. Essa narrativa nos instiga a considerar como o silêncio em torno das crises sanitárias pode nos afetar.
Além da trama familiar, o romance é enriquecido por um monólogo que tributa a vida de São Sebastião, o santo patrono dos doentes, cuja imagem também é uma referência à cultura queer. Essa dualidade entre o sagrado e o secular se sobrepõe às experiências do narrador, que utiliza a arte como um meio de mascarar suas próprias dores.
Com influências literárias que vão de autores como João Gilberto Noll até cineastas como Wim Wenders, “São Sebastião” convida os leitores a uma reflexão profunda sobre como as epidemias moldam identidades e relações. A obra propõe uma provocação: o desejo de superação não deve, em hipótese alguma, estar atrelado ao apagamento das experiências passadas.
Luis Felipe Abreu, nascido em 1993 em Porto Alegre, é um intelectual multifacetado, que atua como escritor, pesquisador e professor. Com um doutorado em Comunicação pela UFRGS e atualmente como pós-doutorando em Ciência da Literatura na UFRJ, ele já publicou outras obras e busca explorar temas que envolvem identidade, trauma geracional e os limites entre a ficção e a realidade.