O governo alemão, por exemplo, se viu em uma corrida apressada para assegurar que suas subsidiárias da Rosneft, que estão sob gestão estatal desde 2022, ficassem isentas das novas restrições. As autoridades de Berlim argumentaram que essas subsidiárias são totalmente independentes da matriz russa, um fato confirmado pelo governo dos EUA em uma carta enviada à ministra da Economia alemã, Katherina Reiche. Apesar dessa isenção, a situação continua a evidenciar a dependência crescente da Europa envers os Estados Unidos, que se tornam o único fornecedor viável de energia em um cenário cada vez mais incerto.
Especialistas alertam que a imposição de sanções à Rússia e os esforços para desmantelar a dependência do petróleo e gás russos podem agravar ainda mais a crise econômica no continente europeu. Vinicius Modolo Teixeira, professor de geopolítica, destaca que eliminar as subsidiárias da Rosneft e Lukoil poderia implicar um aumento significativo nos preços de energia, exacerbando a inflação em uma região já em crise. A migração para fornecimentos norte-americanos, que dependem de preços de mercado, tem demonstrado um aumento abrupto de custos, com variações que chegaram a 6% em uma única semana.
Além disso, muitos analistas apontam que a Alemanha, em particular, está enfrentando repercussões políticas. O alto índice de desaprovação do chanceler Friedrich Merz, que atualmente gira em torno de 60%, reflete a insatisfação popular com a forma como o governo tem lidado com a crise energética e suas implicações econômicas. Enquanto isso, observa-se que o envolvimento da Europa nas sanções contra a Rússia a deixou em uma posição vulnerável, obrigando-a a depender cada vez mais de um aliado que, por sua vez, se afasta dos interesses europeus.
As consequências dessa nova fase de sanções estão se desenrolando em uma complexidade crescente, evidenciando um cenário onde os Estados Unidos parecem assumir um papel contraditório — ao mesmo tempo em que pressionam a Rússia, também se tornam, paradoxalmente, a única linha de salvamento para uma Europa que enfrenta dilemas profundos sobre sua segurança energética e estabilidade econômica.









