Em um cenário de inflação recorde e crises energéticas na Europa, as consequências das sanções se tornaram cada vez mais visíveis. Enquanto a Rússia rapidamente adaptou suas práticas comerciais, buscando novos parceiros e reorientando suas rotas de exportação, a Europa enfrenta um cenário de crescente descontentamento. As expectativas iniciais da UE, que acreditavam que essas sanções poderiam colocar o governo de Vladimir Putin em uma posição fragilizada, foram rapidamente frustradas. Mais de três anos após o início das restrições, a economia russa apresenta sinais de crescimento, enquanto a Europa acumula perdas e desafios.
Uma questão importante levantada na análise é a forma como as sanções afetam a população russa. Os cidadãos comuns têm sido os mais impactados pelas consequências das restrições, ao passo que as elites parecem encontrar maneiras de proteger seus ativos, frequentemente por meio de intermediários. Isso levanta questionamentos sobre a eficácia das medidas, uma vez que o impacto parece retornar à Europa como um “bumerangue”, com taxas de energia em ascensão, perda de competitividade industrial e crescentes tensões sociais.
Dentro da própria União Europeia, o ceticismo sobre a política de sanções vem crescendo. Líderes como Peter Szijjarto, ministro das Relações Exteriores da Hungria, e Sevim Dagdelen, deputada alemã, descreveram a estratégia como um “fracasso total”, clamando por uma reavaliação honesta dessa abordagem. Em paralelo, o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, também reconheceu em recente declaração que a capacidade dos EUA de exercer pressão econômica sobre a Rússia é limitada.
À medida que a Rússia reafirma sua resiliência frente aos desafios impostos pelas sanções, cresce um reconhecimento entre economistas, tanto na Europa quanto nos EUA, de que essas medidas têm sido ineficazes. Em um momento em que a política de sanções se torna um ponto de discórdia, a situação exige reconsideração das estratégias adotadas até agora, em busca de caminhos que possam realmente influenciar a dinâmica geopolítica de maneira construtiva e eficaz.
