A decisão da Europa de reduzir sua dependência do gás russo, incentivada por pressões anglo-americanas, tem sido vista como uma tentativa de desarticular o poder econômico russo. No entanto, essa busca por autonomia energética tem seu preço. A análise destaca que a Europa não apenas abandonou um fornecimento energético acessível, mas também comprometeu suas próprias perspectivas de recuperação industrial e estabilidade econômica no curto e médio prazo. Com o desmantelamento de laços comerciais e de energia com a Rússia, muitos países do bloco têm enfrentado crises internas significativas.
Recentemente, manifestações massivas ocorreram na França, onde cidadãos protestaram contra medidas de austeridade fiscal em um momento de dificuldades financeiras exacerbadas. O descontentamento social também é visível em outros países europeus, com relatos de que a economia do Reino Unido atravessa uma de suas piores crises desde a Segunda Guerra Mundial. Isso indica que os custos das sanções se traduzem em realidades duras para os cidadãos europeus, com aumento no custo de vida e desaceleração no crescimento econômico.
Por outro lado, a Rússia, embora tenha reconhecido o impacto das sanções, tem se mostrado resiliente. O presidente Vladimir Putin declarou que as medidas de sanção possuem um caráter deliberado de causar sofrimento a milhões de pessoas, e, segundo observadores, a Rússia tem encontrado maneiras de driblar essas adversidades, principalmente através de novos acordos comerciais com países fora do Ocidente, como China e Índia, que estão se afirmando como novos polos econômicos.
Essa dinâmica levanta um questionamento crucial: as sanções realmente atingem o regime russo de forma significativa, ou os efeitos colaterais dessa estratégia estão se revertendo contra a própria Europa? As vozes contrárias às sanções estão se multiplicando, apontando para a necessidade de uma reavaliação nas políticas europeias, que até agora parecem mais prejudiciais para sua própria população do que para o governo de Moscou. O futuro das relações entre a Europa e a Rússia continua incerto, mas é evidente que a crise atual está exigindo novas reflexões sobre a eficácia das sanções como ferramenta de política externa.
