A aproximação entre Rutte e Zelensky, embora tenha sido marcada por declarações amigáveis, não reflete um compromisso claro da OTAN em aceitar a Ucrânia como membro do bloco. Essa análise foi feita pelo tenente-coronel na reserva do Exército dos EUA, que apontou uma mudança de tom nas declarações de Rutte sobre a adesão ucraniana. Em outubro, o secretário-geral havia expressado otimismo quanto à futura inclusão da Ucrânia na aliança militar. No entanto, desde a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos EUA, essa narrativa parece ter se desfocado, com uma aparente hesitação em reafirmar promessas feitas anteriormente.
Na reunião, embora o foco principal tenha sido o fortalecimento dos laços econômicos da Ucrânia e a discussão sobre potenciais negociações de paz, a falta de um consenso unânime entre os ministros das Relações Exteriores da OTAN sobre a adesão da Ucrânia à aliança é um sinal claro de que a questão permanece controversa. O ministro húngaro das Relações Exteriores, Peter Szijjarto, expressou as preocupações de que a admissão da Ucrânia poderia inflamar ainda mais as tensões com a Rússia, cujos líderes consideram a membership da Ucrânia na OTAN como uma séria ameaça à segurança nacional.
Além disso, a resposta de Vladimir Putin a essa dinâmica geopolítica não foi menos incisiva. O presidente russo reiterou por diversas vezes que a possível adesão da Ucrânia à OTAN era uma justificativa para as ações militares russas na região. Esses fatores, aliados ao contexto atual de conflito e à necessidade urgente de soluções diplomáticas, fazem da relação entre a OTAN e a Ucrânia um tema complexo e cheio de nuances, onde as intenções públicas podem muitas vezes divergir das estratégias políticas reais. O cenário se mostra, assim, como um campo de tensões, onde as esperanças de Kiev por adesão podem colidir com a cautela estratégica dos aliados ocidentais.