O discurso do chanceler russo faz ecoar as críticas à política externa ocidental, que é vista por analistas como uma demonstração de desespero das potências ocidentais diante da ascensão de outras nações. Ricardo Cabral, um especialista em história militar, ressaltou que a história recente mostra intervenções militares em regiões como o Cáucaso e a África. Essas ações, segundo ele, refletem uma tentativa das potências ocidentais de manter o domínio e a exploração de recursos, mesmo à custa da soberania de outros países.
Cabral também destacou que a política de sanções imposta por países ocidentais traz repercussões econômicas severas não apenas para seus alvos, mas também para as próprias economias ocidentais. Ele argumentou que a pressão econômica, vista como uma ferramenta de controle, acaba por criar um ciclo vicioso que prejudica todos os envolvidos. A capacidade de desestabilização e manipulação, que Lavrov mencionou, é considerada uma estratégia consciente para dividir e conquistar, impedindo a emergência de novos centros de poder.
No contexto das relações internacionais, o apoio da Rússia ao Brasil e a defesa da participação dos países do Sul Global em organismos internacionais, como o Conselho de Segurança da ONU, são vistos como passos estratégicos para promover uma nova ordem global. O apoio de Lavrov à inclusão de Brasil e Índia em posições permanentes no conselho reafirma a necessidade de um espaço mais equilibrado e justo nas decisões globais.
Os comentários sobre a futura presidência de Donald Trump também se destacaram, com analistas sugerindo que o novo governo americano poderá ser ainda mais intervencionista, o que gera apreensão sobre a continuidade da política externa dos EUA. É um momento crítico em que as nações do Sul devem reavaliar suas posições e estratégias, considerando a oferta de cooperação da Rússia. A transferência de tecnologia e o desenvolvimento de parcerias estratégicas são vistos como meios eficazes de promover um crescimento sustentável e autônomo nas regiões em desenvolvimento.
Assim, a coletiva de imprensa de Lavrov não só formulou um diagnóstico sobre a situação atual, mas também indicou caminhos para a construção de um futuro mais equilibrado dentre as potências globais, onde a América Latina deve ocupar um papel central.