A menos de um mês da eleição interna que renovará a direção estadual do Partido dos Trabalhadores (PT) em Alagoas, uma resolução assinada pela atual Executiva Estadual causou polêmica ao antecipar o nome do deputado federal Paulão como pré-candidato da sigla ao Senado em 2026. O documento, publicado no dia 10 de junho, também declara apoio à reeleição do presidente Lula e à manutenção da aliança com o governador Paulo Dantas (MDB).
A decisão foi criticada pelo candidato à presidência do partido, Ronaldo Medeiros, da tendência Resistência Socialista. Ele classificou a resolução como precipitada e antidemocrática, afirmando que decisões estratégicas desse porte devem ser debatidas pelo novo diretório, que será eleito em 6 de julho, com participação da militância e de aliados. “Nosso partido tem uma história de construção coletiva. Não cabe a uma direção em fim de mandato definir candidaturas majoritárias”, disse.
A indicação de Paulão é vista por setores do partido como uma tentativa da corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), que comanda o PT alagoano há mais de 30 anos, de manter sua hegemonia interna. O deputado é aliado do atual presidente da legenda em Alagoas, Ricardo Barbosa, e lidera a CNB no estado.
Na resolução, a Executiva justifica a antecipação como uma resposta ao cenário político adverso em nível nacional, marcado por um Congresso dominado por forças conservadoras. O texto reforça a importância de fortalecer o campo progressista no Senado e critica pautas defendidas por setores ligados ao mercado financeiro e ao agronegócio.
A disputa pela presidência do PT estadual está polarizada entre Ronaldo Medeiros e Dafne Orion, representante da CNB. O embate em torno do nome de Paulão evidencia o racha interno e projeta uma eleição com alto grau de tensão, em que estarão em jogo não apenas cargos de direção, mas os rumos da legenda no estado para 2026.