A ascensão de Castro ao governo se deu em um contexto de promessas de segurança mais rígida, características comuns em discursos eleitorais desde 2018. O governador, que foi vice de Wilson Witzel, aventou ideias polêmicas como a importação de armas israelenses para o combate ao crime. Desde sua posse, Castro já presidiu operações letais distintas, mas nada se compara ao número de vidas perdidas na recente ação.
A operação, embora tenha repercutido no noticiário como um esforço de controle da violência, trouxe consigo um mar de críticas. A quantidade de mortos gerou um debate acirrado sobre a eficácia e a moralidade das abordagens de segurança pública adotadas, não apenas pelo governo do estado, mas também pela gestão federal. Castro e seus apoiadores argumentam que a falta de suporte da União em ações de segurança pública tem sido um obstáculo significativo para o sucesso dessas operações.
Nesta conjuntura, a figura do prefeito Eduardo Paes também se destaca. Paes, que é visto como um potencial candidato ao governo estadual nas próximas eleições, procurou se distanciar de qualquer retórica que associasse suas ações à defesa dos direitos humanos, uma abordagem que poderia alienar um eleitorado conservador. Ao momento em que se apresenta com um discurso de ordem e controle, Paes tenta capitalizar sobre a situação tensional, reforçando uma imagem de eficiência.
Entretanto, a operação e suas consequências refletem um abismo crescente entre a segurança pública e as políticas sociais necessárias para lidar com as raízes do crime. Expertos em ciência política destacam que a tentativa de criar uma narrativa que demonstre responsabilidade do governo federal ajuda a obscurecer a ineficiência na política de segurança de Castro.
A situação é delicada e vai além de uma simples disputa eleitoral. O futuro político tanto de Castro quanto de Paes está interligado à capacidade de cada um deles em navegar nessa complexa paisagem, onde a resposta à violência se cruza com as aspirações políticas e a realidade social do Rio de Janeiro. No horizonte, as eleições se aproximam, com um eleitorado mais polarizado e atento às estratégias de combate ao crime que, enquanto urgentes, podem ser discutíveis em termos éticos e humanitários.
