REVIRAVOLTA – Senado aprova isenção do IR até R$ 5 mil e aumenta pressão sobre a Câmara – Jornal Rede Repórter

A discussão sobre a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda ganhou um novo capítulo na última quarta-feira (24). Diante da demora da Câmara dos Deputados em votar o projeto enviado pelo governo federal, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovou por unanimidade uma proposta alternativa relatada pelo senador Renan Calheiros (MDB), que prevê a isenção para trabalhadores com renda mensal de até R$ 5 mil.

Segundo Renan, a medida pode beneficiar diretamente 10 milhões de contribuintes, sobretudo das regiões mais pobres do país. Atualmente, apenas quem recebe até R$ 2.824 está isento do tributo. Se confirmada a mudança, milhões de brasileiros da classe média baixa deixarão de ter descontos mensais na fonte, o que, na prática, significará mais recursos disponíveis para despesas básicas como alimentação, transporte e moradia. O projeto também estabelece uma redução gradual das alíquotas para rendimentos entre R$ 5 mil e R$ 7.350, além de aumentar a carga tributária para quem recebe acima de R$ 600 mil por ano, como forma de compensar a perda de arrecadação.

A aprovação no Senado é interpretada como uma tentativa de pressionar a Câmara a avançar na pauta, que segue travada. Renan tem criticado a postura do relator da proposta na Câmara, Arthur Lira (PP), acusando-o de tentar reduzir a taxação sobre empresas de apostas e limitar a tributação de lucros enviados ao exterior. Já Lira defende que seu relatório foi construído em consenso com líderes partidários e busca assegurar maior justiça tributária. O texto elaborado pelo governo e relatado pelo presidente da Câmara deve ser apreciado no plenário em 1º de outubro.

Um dos pontos mais sensíveis é a data de início da vigência da nova faixa de isenção. Enquanto líderes da Câmara defendem que a medida só passe a valer em 2027, para evitar reflexos diretos nas eleições de 2026, o Senado pressiona para que a mudança entre em vigor já em janeiro de 2026. A disputa explicita não apenas divergências técnicas sobre o modelo de compensação, mas também interesses políticos de caciques alagoanos que miram o pleito de daqui a dois anos.

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