Resgate em Camaçari: 163 trabalhadores chineses eram explorados em condições análogas à escravidão em obra de montadora de veículos elétricos.

Uma brisa de esperança ressoou na cidade de Camaçari, na Bahia, onde uma ação conjunta das autoridades culminou no resgate de 163 trabalhadores chineses que se encontravam em condições de trabalho análogas à escravidão. A operação foi realizada na terça-feira, 24 de dezembro, pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), que teve a missão de libertar estes operários, que estavam alocados em uma obra de uma montadora de veículos elétricos.

Os trabalhadores, que eram contratados por uma empresa terceirizada chinesa, viviam em uma situação de extrema precariedade. De acordo com relatos das autoridades, as acomodações eram insalubres, com camas sem colchão e um único banheiro para cada 30 pessoas. A alimentação oferecida apresentava condições igualmente alarmantes, como a presença de alimentos sem refrigeração que seriam servidos no dia seguinte, indicando uma total falta de respeito pelas normas de saúde e higiene.

Além das condições de moradia e alimentação, os fiscais descobriram que os passaportes dos trabalhadores eram retidos pela empresa, uma prática já conhecida que visa evitar que os funcionários abandonem seus postos. Tragicamente, as vítimas recebiam apenas 40% do salário acordado, tornando o cenário ainda mais sombrio.

Após a operação, o MPT registrou que caso algum trabalhador tentasse terminar seu contrato após seis meses, sairia do Brasil sem ter recebido o pagamento devido, devido a descontos exorbitantes que incluíam passagem de volta e outras taxas, configurando um verdadeiro confisco financeiro.

Após a intervenção, a montadora envolvida na situação, a BYD Auto do Brasil, anunciou a rescisão imediata do contrato com a empreiteira responsável pela contratação dos trabalhadores. Em um comunicado, a empresa afirmou que não toleraria qualquer infração à legislação trabalhista brasileira e ao respeito pela dignidade humana.

Este caso é um lembrete impactante sobre a necessidade de vigilância constante e a aplicação rigorosa das leis trabalhistas, especialmente em projetos de grande escala que envolvem mão de obra estrangeira. Enquanto as autoridades se empenham em combater a exploração, a sociedade deve permanecer alerta para garantir que abusos semelhantes não voltem a ocorrer.

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