O movimento que resultou na mudança de regime é frequentemente descrito como um golpe militar, liderado pelo Marechal Deodoro da Fonseca. É significativo notar que, nas semanas que se seguiram, uma parcela considerável da população nem sequer estava ciente da nova ordem política que emergia, levando até alguns a se questionarem sobre a natureza desse “tal de República”.
Em meio a essa transição política, a bandeira que representava o Brasil imperial foi momentaneamente substituída por uma bandeira provisória, inspirada na do Estados Unidos, que durou apenas quatro dias. Posteriormente, a bandeira atual foi oficializada, incorporando elementos como um círculo de estrelas e o lema “Ordem e Progresso”. Essa nova identidade republicana refletia uma aspiração de modernidade e alinhamento com potências ocidentais.
O encerramento do regime monárquico no Brasil foi, em contraste com outras nações, um processo diplomático. A família real portuguesa recebeu um comunicado solicitando a partida de Dom Pedro II, que, mesmo deposto, deixou uma mensagem de gratidão ao povo brasileiro, expressando seu amor pela nação que governou por quase 50 anos.
A figura de Deodoro da Fonseca, agora à frente do governo provisório, era intrigante. Ele era um defensor da monarquia e amigo pessoal de Dom Pedro II, o que gerou questionamentos sobre a legitimidade do novo governo. A insatisfação da elite militar e empresarial com os monarcas portugueses, somada à recente abolição da escravidão sem indenização, criavam um cenário de crise que favoreceu a instalação do regime republicano.
No entanto, malgrado a mudança de sistema, a política brasileira continuou a ser dominada por oligarquias rurais, especialmente as do setor cafeeiro. Durante a Primeira República, as eleições eram marcadas por manipulações e o acesso ao voto era restrito à elite letrada, perpetuando desigualdades sociais que permaneceriam desafiadoras por décadas.
Assim, a Proclamação da República no Brasil não apenas sinalizou uma mudança de regime, mas também reafirmou a luta pela inclusão política e social, questões que ainda ecoam na contemporaneidade do país.









