Relatório da ONU aponta intensificação da repressão política de Maduro após eleições na Venezuela, com 25 mortos em protestos.

Segundo o recente relatório divulgado pela missão de investigação da Organização das Nações Unidas (ONU), o governo de Nicolás Maduro intensificou de forma dramática a repressão política aos protestos que ocorreram logo após as eleições presidenciais realizadas em julho deste ano na Venezuela. De acordo com a Reuters, as autoridades do país agiram de maneira a desmantelar e desmobilizar a oposição, inibindo a disseminação de informações independentes e opiniões críticas, além de prevenir protestos pacíficos de forma consciente e deliberada.

A presidente da missão de investigação da ONU, Marta Valinas, destacou que a máquina repressiva do Estado tem sido intensificada em resposta a visões críticas, oposição ou dissidência. O relatório revela que mais de 2,4 mil pessoas foram presas durante os protestos no período pós-eleições, sendo que 25 pessoas perderam suas vidas durante as manifestações, com 24 delas vítimas de ferimentos causados por balas, principalmente no pescoço.

A vitória de Nicolás Maduro nas eleições foi marcada por controvérsias, já que as autoridades eleitorais e o Tribunal Superior da Venezuela negaram a divulgação de todas as contagens de votos, levando os apoiadores do candidato oposicionista Edmundo González a acusarem o partido governista de fraude. Este cenário culminou na emissão de um mandado de prisão contra González, que buscou asilo político na Espanha.

A resposta repressiva às manifestações foi considerada um marco na deterioração do Estado de Direito no país, com as principais autoridades públicas sendo acusadas de abandonar qualquer aparência de independência e deferir abertamente ao executivo. Além disso, o relatório aponta para um clima de medo entre a população venezuelana, com uma política estabelecida para silenciar e desencorajar a oposição.

As prisões em massa durante os protestos afetaram principalmente cidadãos de bairros pobres, com relatos de alegações de desaparecimentos forçados e casos de tratamento cruel e tortura. O Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas estabeleceu a missão de investigação sobre a Venezuela em 2019, com o mandato estendido até setembro deste ano.

Diante desse cenário conturbado, o governo de Maduro atribuiu a responsabilidade pelas mortes nos protestos à oposição, rotulando os manifestantes como extremistas e fascistas. A situação na Venezuela permanece tensa e marcada pela violência, com a população vivendo sob um clima de medo e repressão constante.

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