De acordo com o estudo, a força policial empregada na Operação Escudo foi considerada desproporcional, resultando em um número muito maior de mortes de civis em comparação com policiais mortos ou feridos. Em um total de 22 casos analisados, 20 civis foram mortos e dois ficaram gravemente feridos por disparos de arma de fogo, enquanto nenhum dos 64 policiais envolvidos perdeu a vida e apenas um ficou ferido. A Operação Escudo deixou um saldo de 28 mortos, levantando questões sobre a maneira como foi conduzida.
O perfil das vítimas apontado pelo relatório revela que a maioria dos mortos e feridos eram homens jovens, com idade média de 29 anos, sendo a maioria negros e pobres. O estudo ressalta que 56% dos indivíduos atingidos estavam em suas próprias comunidades, e que, surpreendentemente, quatro deles eram usuários de drogas, o que não condiz com as acusações de envolvimento com o tráfico.
Além disso, o relatório aponta para negligências nas investigações, como a retirada inadequada de corpos das cenas do crime, baixa preservação dos locais, pouca utilização de tecnologias periciais avançadas e a falta de consideração pelos depoimentos de testemunhas e familiares das vítimas. A pesquisa enfatiza que as forças policiais têm dado mais peso aos relatos dos próprios policiais envolvidos, em detrimento das versões apresentadas por testemunhas.
Diante dessas graves constatações, a Defensoria Pública pretende utilizar o relatório como base para exigir a reabertura de investigações sobre a morte de seis pessoas durante a primeira fase das operações. Até o momento, das 27 mortes investigadas na Operação Escudo, 23 foram arquivadas e oito policiais militares foram denunciados pelo Ministério Público. Todos os processos se encontram em sigilo judicial.
Procuradas para comentar sobre o assunto, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo defendeu as operações realizadas e ressaltou que todas as ocorrências de morte estão sendo rigorosamente investigadas. A Ouvidoria da Polícia, por sua vez, não se manifestou até o momento.
Essas revelações trazem à tona questionamentos sobre os procedimentos adotados pelas forças de segurança e a necessidade de reformas e ajustes para garantir a transparência, a imparcialidade e a proteção dos direitos dos cidadãos durante as ações policiais.