Um dos áudios destacados pela corporação é de um tenente-coronel chamado Guilherme Marques de Almeida, que defende a “descida” dos manifestantes bolsonaristas do Quartel General (QG) do Exército para o Congresso. No áudio, datado de 6 de novembro de 2022, o militar argumenta que se uma grande multidão se aproximar, ultrapassará as barreiras e invadirá, tornando difícil controlá-la.
Marques de Almeida também menciona sua participação em diversos grupos civis, nos quais aconselha os participantes a protestar em frente ao Congresso, em vez de acampar em frente ao QG do Exército, alegando que as Forças Armadas só agiriam por “iniciativa de algum Poder”.
Segundo a PF, Marques de Almeida teria utilizado sua expertise em operações psicológicas para influenciar os manifestantes e disseminar desinformação sobre o sistema eleitoral brasileiro, como parte de um suposto “golpe de Estado em andamento”.
Outro momento relevante revelado nos áudios foi quando o tenente-coronel mencionou a necessidade de “sair das quatro linhas” da Constituição para evitar uma suposta dominação, um termo frequentemente utilizado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro para justificar suas ações.
Além disso, o coronel José Sávio foi identificado em um áudio instruindo os manifestantes a intensificar e melhorar a qualidade dos movimentos, evidenciando uma coordenação entre os militares e os civis manifestantes.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou denúncia contra 34 pessoas, incluindo 24 militares, por golpe de Estado e organização criminosa, destacando a conexão entre os atos do 8 de janeiro e os acampamentos em frente aos quartéis como partes de uma mesma série de crimes.
Em resumo, os áudios obtidos pela PF revelam uma estreita relação entre militares e manifestantes bolsonaristas durante os eventos que culminaram nos atos de janeiro de 2022, levando a desdobramentos jurídicos significativos.