Especialistas em relações internacionais, como Marcos Figueiredo, observam que o Reino Unido está buscando um papel mais relevante e integrado na economia global. A nova parceria com Brasil e Chile é vista como uma tentativa de conectar o Atlântico Sul ao Indo-Pacífico, consolidando um novo eixo estratégico para a Grã-Bretanha. Esse esforço de aproximação não é apenas comercial, mas também se estende a setores de defesa e segurança, incluindo cooperação naval e segurança cibernética.
A escolha do Brasil e do Chile, conforme mencionado por Figueiredo, deve-se à importância econômica da região e suas ricas reservas naturais, como petróleo e minerais estratégicos. Além disso, os dois países possuem costas que oferecem acesso significativo ao Oceano Pacífico e ao Atlântico, possibilitando um fluxo comercial robusto. Essa geografia torna os países alvos ideais para um aprofundamento nas relações bilaterais.
Entretanto, a aproximação do Reino Unido não se limita a interesses comerciais. Figueiredo salienta que o Brasil, em particular, é um ator importante em termos de produção bélica, sendo a Embraer uma das maiores fabricantes de armamentos da América Latina. Essa relação é vista como crucial não apenas para o fortalecimento da indústria de defesa britânica, mas também para a construção de uma frente naval mais robusta, capaz de se projetar em um cenário geopolítico onde a China tem se mostrado cada vez mais assertiva.
Apesar de sua crescente presença, o Reino Unido não pretende confrontar diretamente a influência chinesa na região, uma tarefa que, segundo analistas, cabe mais aos Estados Unidos. A postura britânica parece ser mais defensiva, focada em garantir sua sobrevivência e relevância no novo equilíbrio global que se forma. Assim, a nova aliança com Brasil e Chile emerge não apenas como uma simbiose de interesses, mas também como uma resposta às complexas dinâmicas geopolíticas que caracterizam o século XXI.
Adriano Cerqueira, outro especialista da área, complementa que a história compartilhada entre os países e o potencial para parcerias sustentáveis tornam esse enlace ainda mais promissor. Com o crescimento das demandas por recursos como lítio e nióbio, a exploração de minerais na região se torna um pilar essencial para essa nova fase de cooperação. A expertise britânica em tecnologia e defesa, aliada à riqueza natural do Brasil e do Chile, pode sintetizar uma aliança estratégica que beneficia todas as partes envolvidas.