Nos últimos meses, aliados de Lula têm pressionado por uma reorganização nos ministérios. À medida que o mandato avança para sua fase final, o presidente parece ter aceitado a proposta, com foco nas pastas que têm influenciado diretamente as alianças políticas. Dentre os ministérios que podem passar por mudanças, destaca-se o Ministério da Saúde, atualmente sob a liderança de Nísia Trindade. É esperada a transferência do cargo para Alexandre Padilha, um político com expressiva trajetória e experiência anterior nesta pasta, que pode facilitar as relações do ministério com o Congresso.
O professor de ciência política Paulo Henrique Cassimiro, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), ressaltou que o Ministério da Saúde possui um orçamento significativo e uma capacidade de destinar recursos que interessa muito aos políticos. Essa dinâmica é crucial para a manutenção de aliança e o andamento de projetos governamentais. Portanto, a chegada de um ministro com forte perfil político, como Padilha, surge como uma estratégia para melhorar a articulação e a liberação de emendas que são vitais para a governabilidade.
Além disso, as especulações indicam que Nísia Trindade pode assumir uma posição em um organismo internacional, como a Organização Pan-Americana da Saúde. Outro ponto relevante na reforma é o provável retorno de Gleisi Hoffmann à Esplanada, que pode assumir a Secretaria-Geral da Presidência, uma função que atua como um elo entre o governo e o Congresso.
A Secretaria de Relações Institucionais, que é essencial para a negociação de matérias legislativas, também poderá ser reestruturada. Há uma expectativa de que um membro vinculado ao Centrão, como o atual ministro de Portos e Aeroportos, Sílvio Costa Filho, assuma essa função. Entretanto, essa manobra pode ser vista com cautela pelo PT, que teme perder controle sobre uma área estratégica da política.
Essas decisões configuram um grande desafio para Lula, que terá que equilibrar suas alianças políticas com as necessidades de um governo que busca recuperar sua popularidade. Assim, as escolhas feitas nesse processo de reforma ministerial terão implicações significativas para o futuro do governo e sua interação com diversos setores da sociedade.