Ao examinar a data gravada, percebi que o ser ali sepultado viveu apenas setenta e duas horas. Três dias que, à primeira vista, parecem insuficientes para se falar em vida. Intrigado, fiquei parado diante daquela pedra e me questionei: como poderia uma vida tão breve ser descrita como perfeita?
Com o tempo, comecei a entender que a perfeição não reside na duração, mas na intensidade da experiência. A vida daquele bebê, embora curta, foi marcada pelo calor e pelo amor incondicional da mãe. Ele nunca conheceu a dor ou o medo, apenas experimentou o conforto de estar no colo de quem o amava. O único som que lhe era familiar eram os batimentos do coração materno, e o único toque, o carinho terno de mãos que o embalavam.
Se considerarmos a perfeição como a ausência de sofrimento e a presença de amor pleno, então a jornada daquele pequeno foi, sem dúvida, perfeita. Naquele momento de reflexão, percebi que carregamos muitas perguntas sobre o significado da vida. O verdadeiro mistério parece estar na profundidade da vivência, e não em sua extensão.
Ao continuar meu caminho em direção à casa de parentes, a frase gravada na lápide permanecia em meus pensamentos, refletindo sobre o que realmente importa: a intensidade dos sentimentos que experimentamos. A perfeição de uma vida não se mede em horas ou anos, mas na qualidade das conexões que estabelecemos.
Nesse sentido, o amor materno se revela como a expressão mais pura desse ideal. Ele é uma força que ilumina e acalma, criando laços que perduram na memória e nos corações. Uma mãe, muitas vezes, percebe e acolhe as necessidades de seu filho antes mesmo que elas se manifestem. Sua presença, silenciosa e poderosa, se faz notar no calor do olhar e no toque que dissipa medos.
Assim, ao deixar aquele cemitério, levei comigo uma lição valiosa: a perfeição está na capacidade de amar e ser amado, e cada momento vivido nesse afeto é o que verdadeiramente confere sentido à nossa existência. Uma homenagem especial a todas as mães, que nos ensinam tão generosamente o verdadeiro significado do amor.