O senador Renan Calheiros (MDB-AL) decidiu transformar a tramitação do projeto que amplia a isenção do Imposto de Renda em uma oportunidade para constranger seu histórico adversário político, o deputado Arthur Lira (PP-AL). Relator da proposta no Senado, Renan pretende acelerar o andamento do texto e colocá-lo em votação no plenário em até 30 dias, destacando a diferença de ritmo em relação à Câmara, onde o projeto levou mais de seis meses para ser apreciado.
A estratégia do emedebista, segundo aliados, também inclui levar à Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) pessoas que serão diretamente beneficiadas pela isenção para darem depoimentos e reforçarem o impacto social da medida. O gesto tem duplo efeito: acelerar o trâmite e contrastar com o que Renan chamou de “demora e chantagem política” de deputados durante a análise do projeto na Câmara.
Além disso, Renan quer retirar do texto todas as emendas incluídas pelos deputados que tratam de pessoas jurídicas, mantendo no projeto apenas o que diz respeito à isenção para pessoas físicas. Os trechos referentes a empresas, segundo ele, devem ser discutidos em outro projeto a ser enviado posteriormente à Câmara.
O embate entre Renan e Lira, ambos de Alagoas, transcende a disputa legislativa e se insere no tabuleiro eleitoral de 2026. Os dois caciques devem concorrer ao Senado, e o tema da isenção do Imposto de Renda — que pode beneficiar cerca de 15 milhões de brasileiros — tende a ganhar peso político nas campanhas. Em meio à rivalidade, Renan tenta associar sua atuação à defesa dos trabalhadores, enquanto Lira busca evitar que o projeto se torne uma vitrine política para o adversário.
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