Durante a reunião, Ramaphosa fez propostas concretas, sugerindo que os Estados Unidos aproveitassem os ricos depósitos de minerais raros da África do Sul para o benefício da economia americana. Ele também manifestou seu desejo de que Trump participasse da cúpula do G20 marcada para acontecer na África do Sul naquele ano. No entanto, a dinâmica da conversa mudou drasticamente quando Trump apresentou um vídeo que, segundo ele, evidenciava a situação alarmante em relação aos brancos no país africano.
Ramaphosa, por sua vez, não apenas se disse alheio ao conteúdo do vídeo, como questionou a lógica por trás das alegações de genocídio. Ele destacou que a presença de membros brancos em sua comitiva, incluindo o ministro da Agricultura, John Steenhuisen, contraria a afirmação de que um genocídio estava em andamento.
Além de desmentir as acusações de Trump, Ramaphosa adotou um tom conciliador, se dizendo aberto a discutir as preocupações levantadas pelo presidente americano. Ele enfatizou a importância de um diálogo produtivo sobre as questões enfrentadas pela África do Sul, especialmente no que tange à política de reforma agrária implementada em seu país. Essa reforma, que visa corrigir injustiças do período do Apartheid, tem sido alvo de críticas constantes de Trump. O presidente americano acusou a África do Sul de “confiscar terras” e ameaçou cortar os financiamentos destinados à nação.
Após a reunião, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores sul-africano, Chrispin Phiri, reforçou que não há qualquer tipo de confisco de propriedades de fazendeiros brancos, enfatizando que a retórica de Trump não corresponde à realidade da situação no país. A tensão nas relações entre os EUA e a África do Sul se reflete, portanto, não apenas em divergências políticas, mas também em narrativas opostas sobre os temas raciais e agrários que ainda marcam a sociedade sul-africana contemporânea.