Queda nas Vendas do Varejo Brasileiro Indica Desaceleração Econômica e Preocupa Especialistas para os Próximos Meses

Em julho deste ano, as vendas no varejo brasileiro apresentaram um recuo de 0,3% em relação ao mês anterior, marcando o quarto mês consecutivo de queda no setor. Essa realidade sinaliza uma desaceleração crescente da economia nacional, conforme apontam especialistas do mercado. Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e mostram que, apesar da alta de 1% em comparação a julho do ano passado, os resultados recentes têm gerado preocupação entre analistas econômicos.

No acumulado de 2023 até o momento, o crescimento do varejo é de apenas 1,7%, com um aumento de 2,5% em doze meses. Entretanto, esse desempenho é contrastado pela tendência de queda percebida nos setores mais sensíveis à renda. André Valério, economista sênior do Banco Inter, observa que a deterioração nos resultados dos supermercados—que têm um impacto significativo no índice total—pode ser um dos fatores que contribuem para esta trajetória negativa. Ele ressalta que o varejo sensível ao crédito também exibe fragilidades, com uma alta de apenas 1,08% em julho, embora tenha acumulado um declínio de 4,25% nos últimos quatro meses.

Claudia Moreno, economista do C6 Bank, corrobora essa análise ao destacar que os segmentos mais afetados são aqueles que dependem diretamente do crédito, como veículos e materiais de construção, que estão sob pressão devido às taxas elevadas da Selic. Em um cenário onde a expectativa é de que as vendas do varejo ampliado terminem 2025 com desempenho próximo a zero, a análise de Moreno reforça que a economia brasileira deve enfrentar dificuldades, com um crescimento do PIB projetado em 2% para 2025 e 1,5% para 2026.

Igor Cadilhac, economista do PicPay, também antecipa uma desaceleração, atribuindo isso à retirada dos estímulos fiscais, à inflação persistente e às altas taxas de juros. No entanto, ele acredita que a perda de dinamismo não será muito acentuada, indicando que o mercado de trabalho ainda se mostra aquecido.

Essas análises revelam um panorama desafiador para o varejo brasileiro e, por extensão, para a economia, indicando que os próximos meses devem continuar a refletir essa tendência de desaceleração. A combinação dos altos juros e uma possível perda de força no mercado de trabalho podem intensificar os desafios para os consumidores e empresários, levando a um cenário onde o crescimento do comércio será modesto nos próximos anos.

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