Quatro ex-colônias africanas celebram 50 anos de independência de Portugal e relembram lutas históricas por liberdade em 2025

Em 2025, quatro antigas colônias portuguesas na África — Angola, Cabo Verde, Moçambique e São Tomé e Príncipe — celebram o 50º aniversário da sua independência, marcando um importante capítulo da história africana contemporânea. Esse marco coincide com a história recente de Guiné-Bissau, que declarou sua independência em 1973, reconhecida formalmente em 1974 após o fim da ditadura de Salazar, derrubada pela Revolução dos Cravos.

O movimento pela autonomia nas colônias portuguesas começou a ganhar força durante a Segunda Guerra Mundial. A luta por reconhecimento e liberdade foi influenciada por mudanças políticas globais e a crescente pressão interna e externa sobre as potências coloniais. A Carta do Atlântico, assinada em 1941 pelos líderes aliados, estabelecia princípios de autodeterminação que inspiraram tanto as lideranças africanas quanto a expectativa de que esses direitos poderiam ser aplicados às colônias.

Entretanto, a realidade foi amarga para os africanos. Em 1946, Portugal foi impedido de integrar a Organização das Nações Unidas devido à sua recusa em fornecer informações sobre suas colônias. O regime do Estado Novo, caracterizado pela ditadura de Salazar, implementou revisões constitucionais que transformavam as colônias em “províncias ultramarinas”, numa clara tentativa de enganchar a sociedade internacional e advogar que todo o território era parte da nação portuguesa. Contudo, essa manobra não foi suficiente para deter a crescente onda de insatisfação e a luta por liberação.

A repressão intensa e a censura imposta pelo regime salazarista, que se estendeu a todos os cantos do império colonial, não conseguiram sufocar os anseios de independência. Movimentos de libertação emergiram em Angola, Moçambique e Guiné-Bissau, muitas vezes apoiados por nações vizinhas e potências estrangeiras. O cenário político em África era complexo, com fronteiras artificiais que muitas vezes não refletiam as realidades étnicas e culturais.

Ao longo da década de 1960, esses movimentos culminaram em guerras de independência, amplamente marcadas por um forte envolvimento de forças de apoio internacional, incluindo a União Soviética. A Argélia, após sua própria independência da França em 1962, também se destacou como um centro de apoio para esses movimentos, proporcionando um importante abrigo e recursos.

A Revolução dos Cravos em Portugal, que pôs fim à ditadura em 1974, foi impulsionada em parte pelos custos pesados das guerras coloniais. O regime enfrentou um desgaste econômico e social significativo oriundo dos prolongados conflitos nas colônias, que finalmente contribuíram para a sua queda.

Para 2025, o ano em que se celebram cinco décadas de luta pela autonomia, diversos eventos estão programados para refletir sobre esse legado. Especialistas e ativistas se reunirão em países como Cabo Verde e Moçambique, ressaltando a importância da autodeterminação e a construção de histórias que priorizam as narrativas africanas em oposição às histórias contadas pelos colonizadores. Este marco não é apenas uma comemoração, mas uma reafirmação da luta contínua pela identidade e soberania que marca a trajetória política e social desses países após décadas de domínio colonial.

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