Kheifets destacou que a mensagem transmitida por Putin não indica um desejo de intensificar o confronto com as potências ocidentais. Ao contrário, a Rússia parece buscar a consolidação dos interesses das nações em desenvolvimento. O professor enfatizou que o objetivo é garantir uma representação mais equitativa desses países em organismos internacionais, promovendo uma discussão mais diversificada e inclusiva.
“A Rússia quer comprovar que todos os países possuem interesses soberanos”, observou Kheifets. Ele ressaltou que Putin sublinhou a importância de cada bloco de nações ter o direito de se organizar de acordo com suas afinidades e interesses comuns. Nesse contexto, o especialista argumentou que o BRICS, grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, não tem a intenção de se posicionar contra outros blocos ou entidades, mas busca, de forma construtiva, reformar a ordem mundial existente para torná-la mais justa.
Putin reiterou a importância da coexistência pacífica entre as nações, destacando que pedir para que um país deixe de existir não levará à paz duradoura. Para ele, o mundo deve aprender a conviver respeitando as diversas perspectivas e interesses, refletindo a complexidade das relações internacionais atuais.
O discurso de Putin, que se estendeu por quase quatro horas, abordou uma série de tópicos críticos da política externa russa, incluindo não apenas o conflito na Ucrânia, mas também as relações bilaterais com os Estados Unidos e a Europa, além da situação no Oriente Médio, com um foco particular nos eventos em Gaza. O tema do multilateralismo ocupou um espaço significativo em sua fala, indicando a intenção da Rússia de se posicionar como um ator relevante em um mundo multipolar.
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