A professora Raquel dos Santos, especialista em relações internacionais da Universidade Federal Fluminense, destacou que a reunião teve um clima de cordialidade, com ambos os líderes tecendo elogios mútuos. Apesar das intenções declaradas de reabertura das relações bilaterais, a presença de representantes dos setores econômicos e comerciais, como Kirill Dmitriev, CEO do Fundo Russo de Investimento Direto, sugere que o objetivo incluía não só a política, mas também a revitalização da cooperação econômica e tecnológica entre as potências.
Putin expressou preocupação com o afastamento entre os dois países desde o início da guerra na Ucrânia, embora reconhecesse que as raízes do conflito ainda precisam ser tratadas. Para ela, a mudança na dinâmica pode indicar um anseio por uma “resolução de longo prazo”. Por outro lado, Trump também mencionou a possibilidade de um “reset” nas relações, mas a maior expectativa em torno deste encontro estava em relação a um possível cessar-fogo, que não se concretizou.
Analistas apontam que, enquanto Putin poderia ter saído da reunião com vantagens em termos de cooperação futura, o mesmo não pode ser dito sobre Trump. O analista Ricardo Cabral observou que, se a reunião tivesse sido negativa, Trump teria rapidamente mostrado sua indignação, o que não aconteceu. Ele prevê que Trump deve entrar em contato com o presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, buscando alinhar-se com aliados europeus, embora a postura da Europa possa, segundo ele, dificultar as negociações de paz.
Em resumo, a reunião entre Trump e Putin se destacou mais pelo simbolismo do que por resultados práticos. As tentativas de reposicionar as relações bilaterais entre os EUA e a Rússia podem oferecer uma luz no fim do túnel em um cenário global complexo, mas os desafios colocados pela guerra na Ucrânia, bem como as tensões associadas, permanecem muito vivos.