Na tarde desta sexta-feira, um grande protesto tomou conta do Campo do Ordem, localizado na Vila Cruzeiro, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Milhares de pessoas se uniram para expressar sua indignação em relação à chamada Operação Contenção, uma ação policial que resultou em um número alarmante de 121 mortes nos complexos da Penha e do Alemão. O ato, que reuniu moradores dos mais diversos cantos da cidade, foi organizado por uma coalizão de movimentos sociais e contou com a presença de parlamentares e cidadãos comuns.
Os organizadores do protesto enfatizaram que o principal objetivo da manifestação era demandar uma investigação rigorosa e transparente sobre essa operação, além de prestar homenagens e solidariedade às famílias que enfrentaram a dor da perda em decorrência dos confrontos da última terça-feira. O deputado federal Tarcísio Motta, um dos apoiadores do ato, declarou a importância de envolvimento de uma perícia independente para apurar as graves suspeitas de execuções sumárias durante a ação policial. Ele acrescentou que a operação foi, em suas palavras, “equivocada” e que a demanda por um controle externo sobre tais ações é crucial, evidenciando que elas não trazem paz à cidade.
A manifestação começou por volta das 13h, com os participantes entoando um coro de palavras de ordem como “Fora Cláudio Castro” e “Queremos o fim da Polícia Militar”. Logo, adultos, jovens e crianças se juntaram ao protesto, muitas vezes sozinhos, portando cartazes que clamavam por justiça e mudanças. A vereadora e defensora dos direitos humanos, Monica Benício, também esteve presente e observou que o ato era crucial para ressaltar a necessidade de não esquecer o número de vidas perdidas, incluindo a de quatro policiais, durante esta operação, que não pode ser considerada uma ação bem-sucedida.
A diversidade da multidão também foi notável, com pessoas de várias partes da cidade marcando presença. Selmo Bezerra, um trabalhador da área, relatou que decidiu participar do protesto em sinal de solidariedade, destacando que a violência poderia atingir qualquer um, independentemente de onde vivesse.
Após quase duas horas de atos pacíficos, a multidão começou a marchar pela Estrada José Rucas em direção ao Largo da Penha. A passagem foi temporariamente bloqueada, atraindo a atenção dos motoristas de kombis e mototaxistas que se juntaram ao movimento. O protesto seguiu sem confrontos, e por volta das 17h, os manifestantes iniciaram sua dispersão, completando o ato às 18h. O evento destacou não apenas a dor provocada pela operação, mas também a determinação da população em lutar por justiça e mudanças na abordagem policial no estado.









