Milhões de vozes por democracia em Copacabana
No último domingo (21), a Praia de Copacabana, um dos cartões-postais mais icônicos do Rio de Janeiro, se transformou em um mar de vozes em solidariedade à democracia. Milhares de manifestantes se reuniram para protestar contra a recente aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Blindagem, que visa conceder anistia a golpistas condenados, como o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados. O ato, que começou na altura do Posto Cinco, reuniu pessoas de diversas idades, todas unidas pelo desejo de defender as conquistas democráticas do país.
A PEC, aprovada pela Câmara dos Deputados em 16 de setembro, impõe uma série de barreiras para a abertura de processos criminais contra parlamentares, exigindo autorização das casas legislativas. Essa medida tem gerado forte desaprovação entre a população, que vê nela uma tentativa de proteger aqueles que tentaram desestabilizar a democracia brasileira.
Em meio a gritos de “Sem Anistia” e “Viva a Democracia”, o evento contou com apresentações de importantes nomes da música brasileira, como Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Paulinho da Viola. Durante os shows, as mensagens de resistência e vitalidade da cultura nacional ressoaram fortemente. Caetano Veloso, em seu discurso, enfatizou que a democracia no Brasil se mostra resiliente, enquanto Gilberto Gil recordou momentos difíceis da história do país, reafirmando a luta pela liberdade e autonomia do povo.
Entre os manifestantes, estava a aposentada Regina de Brito, que, com seus 68 anos, relembrou sua experiência na ditadura militar e expressou indignação com a tentativa de anistia. “Esses caras acabaram de ser condenados, e já querem anistia? Esse Congresso vilão só pensa em si mesmo”, declarou com fervor.
O estudante Caio dos Santos, de 16 anos, também fez questão de se fazer ouvir. Ele ressaltou a importância da participação da juventude na luta contra o que chamou de “desserviço” prestado pelo Congresso. “Não podemos ficar calados diante das ameaças à educação e à saúde”, afirmou, criticando abertamente figuras como Bolsonaro.
Por sua vez, o aposentado Edson Enio Martins Tonnel, de 75 anos, fez um apelo ao Senado para que a PEC não passasse. Ele argumentou que a Câmara dos Deputados correria o risco de se tornar um abrigo para criminosos, caso essa proposta fosse aprovada. “É hora de todos colaborarem pelo bem do Brasil”, enfatizou.
Num momento em que a história recente do Brasil ainda é motivo de discussão, a estudante de arquitetura Letícia Rocha, de 20 anos, lembrou que “não podemos esquecer do passado” e destacou a importância de relembrar as vitórias democráticas conquistadas com tanto esforço. A manifestação em Copacabana foi, sem dúvida, uma expressão vibrante da luta pela democracia e de um apelo coletivo pela proteção dos direitos civis, elevando a voz de um povo que não se deixará silenciar.